O Santander Brasil atualizou o seu cardápio para as seis empresas do setor de alimentos na Bolsa, com a preferência da casa ficando por conta de duas companhias do ramo de proteína e alimentos processados.
Em seu primeiro relatório como head do setor, o analista Guilherme Palhares, em parceria com Laura Hirata, deu preferência pelas ações da JBS e da Marfrig, com a recomendação para ambas indo de neutro para compra. Já a BRF obteve recomendação neutra.
O preço-alvo da JBS também foi revisado, subindo de R$ 25 para R$ 37, o que pressupõe um potencial de alta de 56,2% em relação ao valor em que a ação fechou o pregão de terça-feira, 19 de dezembro.
Segundo os analistas, a companhia apresenta boas perspectivas para o próximo ano em meio à melhora prevista na Seara e Pilgrim’s Pride, com a normalização na oferta de aves e a redução dos custos relacionados à alimentação dos animais, considerando a produção esperada para milho.
Outro fator que deve beneficiar a JBS é o ciclo positivo do gado na Austrália, que deve ajudar o Ebitda das operações no país crescer 41% em 2024, comparado com o resultado previsto para este ano.
A listagem das ações da JBS nos Estados Unidos é mais um evento favorável para a JBS. “A estrutura [da operação] deve permitir à companhia lançar um novo ciclo de crescimento por meio de movimentos inorgânicos nos mercados de alimentos processados e de aquicultura, através da utilização de equity, e ela cria condições para que os controladores mantenham o controle e permitirá uma melhor estrutura de capital”, diz um trecho do relatório.
Em relação ao Mafrig, o Santander passou o preço-alvo das ações de R$ 10,50 para R$ 15,70, indicando um potencial de alta de 70%. Um dos motivos para a decisão está relacionado à resiliência das operações da companhia nos Estados Unidos, considerando o momento de baixa do mercado.
Eles citam o período de 2010 a 2015, quando a National Beef conseguiu ter um desempenho superior à indústria como um todo. “As margens Ebitda nos primeiros três anos da parte negativa do ciclo ficaram acima de 4%”, diz outro trecho do relatório do Santander.
Na América do Sul, a companhia está fortalecida com os negócios de maior valor agregado, que incluem a produção de hambúrguer congelado e com os ativos de abate que ficaram depois da venda para a Minerva em agosto.
Corte na Minerva
Em relação à Minerva, os analistas demonstraram pouco apetite pela companhia, com a recomendação caindo de compra para neutro, com o preço-alvo sendo cortado pela metade, para R$ 8.
Embora a compra dos ativos de abate de bovinos e ovinos da Marfrig tenha elevado sua capacidade operacional, a Minerva deve sentir os efeitos da operação sobre sua alavancagem, que alcança 2,9 vezes ao final de 2024, enquanto as exportações de carne sofrem com a menor demanda da China e um número cada vez maior de países se colocando no mercado internacional.
“A aquisição dos ativos da Marfrig pode impor riscos operacionais e financeiros para o caso, uma vez que aumenta a alavancagem da companhia num momento em que os resultados atingiram o pico”, diz uma parte do relatório. “Apesar de ter um bom encaixe estratégico, o retorno sobre o investimento pode ser complicado por fatores fora do controle dela, como aprovações antitruste, taxa de juros e o ciclo do gado no Brasil.”
Quem também aparece mais para baixo no cardápio do Santander é a BRF, cuja recomendação foi mantida em neutro. Já o preço-alvo subiu de R$ 12,50 para R$ 16.
Segundo os analistas, as expectativas para o curto prazo são positivas, diante dos menores custos com milho, baixa oferta de aves e a redução das despesas financeiras. Num cenário positivo, o Ebitda da BRF pode crescer 40% em 2024, para perto de R$ 6 bilhões.
No entanto, as perspectivas para os preços do milho no Brasil no segundo semestre ainda são nebulosos e a demanda por alimentos processados no País vem em queda, enquanto o mercado registra uma intensa competição.
Carboidratos
O relatório do Santander também trouxe atualizações para a recomendação da Camil, mantida em compra e com o preço-alvo passando de R$ 11 para R$ 12.
Conspira à favor da companhia o aumento do preço do arroz no mercado internacional, enquanto os custos de produção no País permanecem baixos, gerando ganhos com o repasse dos valores para os consumidores.
A Camil também está conseguindo repassar custos na parte de massa e biscoitos. Tudo isso faz os analistas estimarem um Ebitda de R$ 970 milhões em 2024, alta de 16%.
Para a M. Dias Branco, os analistas decidiram reduzir o preço-alvo de R$ 57 para R$ 49, ainda que a recomendação permaneça sendo de compra. Os analistas do Santander apontam que a tese de investimento é afetada pelas incertezas vindas da Reforma Tributária, que pode mexer em regras relacionadas a subsídios.
Apesar disso, eles estimam que o Ebitda pode crescer 25% no ano que vem, para R$ 1,8 bilhão, diante de custos de produção menores, baixa alavancagem e perspectiva do pagamento de valores altos de dividendos – a expectativa é de um dividend yield de 2,3% em 2024, acima dos 0,5% de 2023.