A Dasa confirmou nesta sexta-feira, 14 de junho, o acordo com a Amil para reunir ativos de hospitais, numa operação que cria a segunda maior rede de hospitais do Brasil, atrás apenas da Rede D'Or. O negócio era visto também como fundamental para recuperar a saúde financeira da companhia controlada pela família Bueno.

Segundo o fato relevante, a Amil, que foi comprada pelo empresário José Seripieri Filho, conhecido como Junior, vai entrar com hospitais e clínicas de oncologia à Ímpar Serviços Hospitalares, empresa controlada da Dasa, que se tornará uma joint venture com participações iguais de 50% do capital votante entre Amil e Dasa e controle compartilhado.

A Amil irá contribuir à Ímpar, por meio de um aumento de capital, os hospitais e clínicas oncológicas da Rede América e o Hospital Maternidade Santa Lucia. Não fazem parte do acordo o Hospital Promater e o Hospital Monte Klinikum, localizados no Nordeste.

A Ímpar, por sua vez, permanecerá com a totalidade de suas operações, exceto os hospitais e unidades de oncologia localizados na região Nordeste – Hospital São Domingos, Hospital da Bahia e AMO. Esses três devem ser colocados à venda, de acordo com o comunicado.

O acordo prevê também que a Dasa transferirá para a Ímpar R$ 3,85 bilhões em dívidas, o que dá um alívio significativo para a companhia, com a dívida sendo uma das grandes questões de sua tese de investimento. A busca por criar um ecossistema no segmento de saúde se traduziu em uma expansão acelerada, criando um peso financeiro e operacional.

No primeiro trimestre, a dívida líquida da Dasa  somou R$ 9,6 bilhões, um aumento de 7% em relação ao quarto trimestre, fazendo com que a alavancagem para efeito de covenants atingisse 4,2 vezes, acima do limite de 4 vezes. As negociações entre Amil e Dasa foi noticiado inicialmente pelo jornal Valor Econômico.

Com essa união de forças, a Ímpar contará com 25 hospitais e 4,4 mil leitos, boa parte deles localizados na região Sudeste e Distrito Federal. A empresa se torna assim a segunda maior rede de hospitais do País, ficando atrás apenas da Rede D’Or, que conta com 73 hospitais, dos quais 70 hospitais próprios e três sob gestão, somando 11,7 mil leitos totais.

Levando em conta os players de saúde verticalizada, a Ímpar fica em terceiro lugar. Na primeira posição, considerando o número de hospitais, está a Hapvida, com 86 hospitais e 5,7 mil leitos.

A receita líquida combinada totalizou, em 2023, R$ 9,9 bilhões – sendo R$ 5,7 bilhões dos ativos Dasa e R$ 4,2 bilhões dos ativos Amil –, com Ebitda de R$ 777 milhões – R$ 600 milhões dos ativos Dasa e R$ 177 milhões dos ativos Amil.

“Atualmente, ambas as redes passam por processos de reestruturação individualmente, com gestão renovada e escopo para ganhos de eficiência”, diz um trecho do fato relevante. “Adicionalmente, a rede expandida irá se beneficiar de maior alavancagem operacional e potencial de crescimento de receita, permitindo assim buscar rentabilidade compatível com empresas desse porte no setor.”

No fechamento da operação, que ainda precisa passar pela aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e cumprir outras condições precedentes. Dulce Pugliese de Godoy Bueno será nomeada presidente do conselho de administração da Ímpar, com o board sendo composto por três representantes de cada sócio e três membros independentes.

Lício Cintra assumirá como CEO. Ele está no comando da Dasa desde o começo de 2024, substituindo Pedro Bueno, que estava à frente das operações desde 2015. Não está claro se Cintra permanecerá à frente da Dasa.

O acordo prevê ainda a possibilidade de a Ímpar ser listada na B3. De acordo com o fato relevante, a transação prevê que a Dasa poderá segregar sua participação na Ímpar, com a listagem da empresa no Novo Mercado da B3, e a transferência dessa participação aos acionistas da Dasa.

Se para a Dasa, o acordo representa um alívio em suas contas, para a Amil, adquirida por José Serepieri Filho, conhecido como Junior no final de 2023, por R$ 11 bilhões, ele ajuda a fortalecer o valor de sua operadora de planos de saúde.

Essa aproximação entre hospitais e planos de saúde foi vista em fevereiro de 2022, quando a Rede D’Or anunciou a compra da SulAmérica, em uma transação avaliada em R$ 15 bilhões.

Em maio deste ano, a mesma Rede D’Or se uniu com a Bradesco Seguros para criar a nova rede de hospitais Atlântica D’Or. E em dezembro de 2024, a Mater Dei anunciou uma joint venture com a Bradesco Seguros para erguer um hospital na Zona Norte de São Paulo.

Além da Amil, o empresário Nelson Tanure também estaria interessado em um acordo com a Dasa, buscando unir a empresa com a Alliança (ex-Alliar), grupo de medicina diagnóstica do qual é controlador. Fontes ouvidas pelo NeoFeed indicaram que a americana Quest Diagnostics estudava a compra de uma participação minoritária na Dasa.