Durante muito tempo investidores e analistas viram os grandes players do setor de telecomunicações como “sapos” da Bolsa, difíceis de serem “beijados” diante dos desafios do mercado em que atuam, especialmente em telefonia móvel.

Mas, em meio a uma série de mudanças estruturais que ocorrem desde o ano passado, a XP Investimentos está vendo cada vez mais beleza na Vivo e na TIM e decidiu fazer a sua parte para melhorar a visão delas perante o mercado.

Afirmando que o momento é favorável para o setor de telecomunicações no Brasil, os analistas Bernardo Guttmann e Marco Nardini decidiram elevar a recomendação da Vivo de neutro para compra e aumentar o preço-alvo de R$ 49 para R$ 54. O preço-alvo para o papel da TIM subiu de R$ 19 para R$ 21, com a recomendação continuando a ser de compra.

“Muitos dos desafios históricos que afastaram os investidores da indústria de telecomunicações agora foram superados, principalmente com a consolidação do mercado, que desempenhou um papel fundamental”, diz trecho do relatório.

A respeito da consolidação do mercado, a saída da Oi do segmento de telefonia móvel ajudou a criar um ambiente competitivo mais racional, segundo os analistas da XP, que esperam que isso leve à recuperação do mercado.

A situação é particularmente importante para TIM e Vivo, que possuem receita significativa com telefonia móvel – 92% para a TIM e 70% para a Vivo. Segundo os analistas, os primeiros efeitos começaram a ser vistos.

“Ambas as empresas alcançaram um impressionante crescimento da receita no segmento de serviços móveis, sendo acima da inflação – 10,4% da Vivo e 9,7% da TIM, em base anual, no segundo trimestre”, diz trecho do relatório.

Dois outros pontos que também ajudam a reforçar a imagem de “príncipes” da TIM e da Vivo, segundo os analistas da XP. Um deles foi a redução do ICMS promovida em setembro do ano passado pelo Congresso, o que permitiu que as empresas repassassem a inflação aos consumidores.

O segundo está relacionado ao crescimento das redes de infraestrutura neutras pelo País, o que ajudou a reduzir custos e aprimorar a eficiência operacional das companhias. A Vivo e a TIM viram um avanço nesse sentido depois de a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar, em fevereiro, um aditivo a um acordo que as empresas possuem de compartilhamento de rede e que contavam com a participação da Oi.

“Essas iniciativas ainda estão em seus estágios iniciais e progredindo lentamente, mas mostram potencial para a implementação de redes 5G. Além disso, as participações adicionais do espectro da Oi aumentam a eficiência e retorno sobre o capital investido”, diz trecho do relatório.

Se o cenário no mercado de telecomunicações está favorável, os analistas da XP afirmam que as companhias podem acabar sendo afetadas pelas mudanças tributárias sendo estudadas em Brasília, particularmente a possibilidade de extinção dos juros sobre capital próprio (JCP) e a taxação de dividendos.

“Pela nossa análise, a implementação da nova legislação pode ter impacto negativo nas grandes companhias de telecomunicações em nosso universo de cobertura, incluindo TIM e Vivo, com uma expectativa de queda de 28% e 17% dos resultados em 2024, respectivamente”, diz trecho do relatório, que destaca que as companhias possuem altos dividend yields (6,2% para a TIM e 8,9% para a Vivo em 2022).

Por volta das 11h54, as ações da Vivo subiam 0,41%, a R$ 41,90. No ano, elas registam alta de 9,2%, levando o valor de mercado a R$ 69,2 bilhões.

As ações da TIM subiam 0,70%, a R$ 14,48. Com os papéis acumulando alta de 16,7%, o valor de mercado da empresa soma R$ 34,9 bilhões.