Após realizar mais de 25 aquisições em sete anos, a Viveo está passando por um momento de simplificação. E, nessa direção, o grupo antecipou ao NeoFeed a criação uma nova empresa para compor o seu ecossistema.
A nova operação é fruto da união de oito companhias de seu portfólio, que são Famap, Nutrifica, Proinfusion, Life, Hospharma, Sollus, Aporte e Seven. Juntas, elas culminaram na Insuma, maior farmácia de manipulação de soluções injetáveis estéreis da América Latina.
Apesar do nome ser semelhante, essa farmácia de manipulação não é a mesma que o consumidor busca para formular um remédio feito com componentes indicados por seu médico. A Insuma funciona de forma parecida em alguns aspectos, mas, ao mesmo tempo, é bastante distinta.
“A nossa farmácia de manipulação presta um serviço para hospitais e clínicas, atendendo três nichos sensíveis para esse cliente, que são quimioterapia, nutrição parenteral e enteral e diálise”, diz Vilson Schvartzman, vice-presidente da Viveo e responsável pela nova operação, ao NeoFeed. “Para isso, nós recebemos a prescrição desses estabelecimentos e fabricamos aquela solução de forma personalizada para o paciente em questão.”
Segundo o executivo, esse modelo de negócio consegue trazer benefícios financeiros para seus clientes, que são essas unidades de saúde, além de reduzir riscos de contaminação aos medicamentos utilizados por eles.
Schvartzman explica que, atualmente, os próprios hospitais realizam esse serviço de manipulação de acordo com sua necessidade. Porém, isso expõe os medicamentos ao ambiente hospitalar, podendo causar problemas de saúde aos pacientes, além de exigir um estoque gigante desses insumos por parte dos estabelecimentos.
“Na Insuma, essa fórmula já sai pronta da nossa sede para ser apenas transportada aos hospitais, com nome do paciente e tudo. Assim, as instituições não precisam levar esse trabalho para dentro de casa e muito menos manter um estoque, que representa um investimento grande, sempre cheio”, diz o vice-presidente. “Assim, o cliente consegue melhorar seu capital de risco e também reduzir o seu desperdício.”
Atualmente, a companhia produz mais de 160 mil formulações personalizadas ao mês e, para aumentar essa demanda e produção, está com foco em expansão territorial. Hoje, a empresa consegue atender hospitais, clínicas e pacientes, desde a manipulação à entrega, a partir de nove unidades localizadas em Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Ribeirão Preto e Curitiba. Agora, a empresa quer chegar ao Nordeste e expandir no Centro-Oeste.
Para crescer, a maior oportunidade da Insuma também é seu grande desafio. Schvartzman afirma que a necessidade do momento é mostrar para os médicos e hospitais os efetivos benefícios da Insuma, já que existiam poucos players com escala no Brasil atuando nesse segmento, o que resulta em pouco conhecimento sobre o assunto.
“O bom é que o desafio não está da porta para dentro, porque já estamos muito bem estruturados para essa operação, mas sim da porta para fora”, diz Schvartzman. “É preciso que as entidades entendam que a terceirização desse serviço de manipulação é a melhor opção para o mercado e que esse modelo só vai crescer daqui para frente.”
Com a nova companhia e o desenvolvimento desse mercado, a Viveo espera aumentar em 20% a receita das oito companhias reunidas sob o guarda-chuva da Insuma até o próximo ano. No primeiro semestre de 2024, a receita líquida da companhia atingiu R$ 5,7 bilhões.
O complexo momento da Viveo
A novidade vai ao encontro do momento complexo pelo qual a Viveo está passando. A companhia reportou prejuízo de R$ 88 milhões no segundo trimestre de 2024 e preocupa o mercado em relação a sua capacidade de gerar caixa, balancear sua dívida e gerir seu capital de giro.
A companhia, que divulgou números expressivos ao longo de 2023, está passando por uma reestruturação que fez analistas de bancos como Santander e o Bank of America rebaixarem a sua recomendação para os papéis, pensando na necessidade de mais liquidez e nas dores estruturais do negócio.
Para o vice-presidente da companhia, a novata Insuma chega para ajudar a companhia nesse processo. “Hoje, o nosso grande foco é trabalhar em cima da geração de caixa e a Insuma chega exatamente pensando nisso. A empresa é uma grande geradora de caixa, com uma margem maior de distribuição e uma conversão também superior, o que nos leva para onde queremos chegar”, diz Schvartzman.
Apesar disso, o executivo não deixa de relembrar que o mercado de distribuição, que é o core da companhia, continua sendo muito maior em tamanho do que o de serviços, no qual a Insuma se enquadra.
“Para nós, a Insuma é uma expansão de portfólio. O cliente que eu atendo com ela é exatamente o mesmo cliente que nós já temos na vertical de distribuição, o que facilita o nosso processo e nos ajuda a expandir esse caixa”, afirma o vice-presidente. “Nosso momento é de excelência e simplificação e é isso que estamos fazendo.”
A ação VVEO3, da Viveo, acumula queda de 84,8% em 2024 na B3. O valor de mercado da Viveo é de R$ 658,5 milhões.