Ambev, iFood e Natura encabeçam a lista de empresas que melhor se relacionam com o ecossistema de startups no Brasil. É o que mostra um estudo conduzido pela The Bakery, empresa britânica de consultoria e projetos de inovação corporativa, em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
Antecipada com exclusividade ao NeoFeed, o ranking foi estruturado com base em um levantamento qualitativo e quantitativo, a partir de um universo de quase mil startups que, de alguma forma, trabalham com grandes empresas. Na pesquisa, 20 companhias de diferentes setores foram citadas sob um viés mais positivo.
Além do trio no topo, essa lista específica inclui Santander, Banco BV, Banco Carrefour, BASF Química, BASF Agro, Bayer, Eurofarma, RD, Dasa, Cogna, Andrade Gutierrez, Randon, Lojas Renner, Mondelez, Suvinil, Vibra Energia e Vivo.
De acordo com Felipe Novaes, sócio e cofundador da operação brasileira da The Bakery, a pesquisa tinha como objetivo observar a correlação entre uma empresa ser considerada inovadora e seu relacionamento com startups.
Para elaborar o estudo, os avaliadores questionaram as empresas e as startups. As corporações responderam questões sobre estrutura, capacidade interna, existência de áreas dedicadas à inovação, orçamento reservado para tal e número de iniciativas realizadas, entre outros pontos.
Já as startups precisavam citar, com base em suas experiências anteriores, três empresas que melhor se relacionavam com o ecossistema de inovação e com negócios em fase de crescimento.
Entre os questionamentos era preciso responder sobre a forma de conexão inicial dos negócios, os obstáculos enfrentados, o volume de investimento recebido e o retorno financeiro.
O levantamento avaliou diferentes pontos. Entre eles, a adoção de iniciativas como os fundos de corporate venture capital e de venture builder por parte das empresas. Um aspecto determinante foi a forma como esses instrumentos são usados e não o número de acordos ou o capital disponível para investimentos.
“Não é só porque uma empresa tem um veículo de corporate venture capital que ela é mais madura”, afirma Novaes. “É preciso ter um posicionamento correto e que faça sentido.”
O trio citado como destaque tem programas já conhecidos de aceleração de novos negócios de tecnologia. Um dos exemplos é a Z-Tech, o braço de CVC da Ambev, que já investiu em empresas como Lemon Energia e Get In.
No caso da Natura, vale como destaque a abertura de um desafio de inovação aberta no começo deste mês. Neste ano, a companhia está buscando encontrar startups em estágio inicial e que atuem no segmento de bem-estar e saúde mental para mulheres. A ideia é acelerar três empresas do setor.
O iFood, por sua vez, criou no ano passado um projeto chamado de Labs e que busca startups com soluções voltadas para o mercado de delivery. Os projetos podem ser acelerados pela própria empresa ou direcionados para aceleradoras parceiras.
Entre outras questões, Novaes ressalta que as companhias que tiveram destaque no levantamento realizaram um trabalho exaustivo de tentativa e erro na formulação das melhores estratégias para incorporarem novos negócios de tecnologia às suas operações. “São empresas que montaram estruturas, programas e projetos que serviram de aprendizado”, afirma Novaes.
Para ele, outro ponto em comum é a insistência em melhorar as relações com as startups. “Mesmo que algumas falhas tenham ocorrido, as companhias não deixaram de investir em inovação”, diz Novaes. “Parece haver uma resiliência de que o investimento em inovação é visto como um ponto estratégico e não como algo pontual.”
Do outro lado da moeda, as empresas que não figuraram entre as 20 melhor ranqueadas ilustram o que Novaes afirma ser a falta de foco e de entendimento em inovação. “Muitas companhias ainda não entenderam qual é o retorno sobre o investimento em inovação”, afirma. “Elas ainda enxergam isso como custo.”