Em quatro anos de operação, a Delivery Center captou R$ 170 milhões junto a investidores como BRMalls, Multiplan, Cyrela Commercial Properties (CCP), Bloomin Brands e Grupo Trigo, além do family office de José Galló, presidente do Conselho de Administração da Renner.

O modelo que atraiu nomes desse calibre foi a instalação de hubs em shopping centers, pelos quais a startup gerencia e centraliza as entregas dos pedidos feitos aos lojistas desses empreendimentos. Seja por meio de plataformas digitais dos centros de compra ou de marketplaces e aplicativos de terceiros.

Depois de consolidar esse formato, a Delivery Center começa agora a ir além das praças de alimentação e dos corredores dos shopping centers. O novo mapa de ataque da empresa inclui varejistas de todo o País, em particular, os lojistas de rua, donos de estabelecimentos de pequeno e médio porte.

“Os bancos, as farmácias, as fintechs estão se tornando marketplaces”, diz Saulo Brazil, cofundador e CEO da Delivery Center, ao NeoFeed. “Há muitas plataformas verticais querendo acessar os lojistas e poucas delas integram, de fato, esses dois mundos. Essa é a oportunidade que estamos enxergando.”

A Delivery Center começou a trabalhar esse novo público na virada do ano. A estratégia consiste em uma plataforma no modelo de software como serviço, por meio da qual os lojistas têm acesso a boa parte dos recursos já usados pelos varejistas clientes da startup.

Com esse portfólio, a empresa centraliza a conexão, a digitalização e a divulgação dos catálogos desses lojistas em diversos markeplaces. Hoje, a Delivery Center está integrada a plataformas como Mercado Livre, B2W, iFood, Uber Eats, Rappi, Google e Inter Shop, do Banco Inter.

O modelo proposto também inclui a área de logística. Nas cidades onde já tem operação, a Delivery Center cuidará dos pedidos em um raio, em média, de até 40 quilômetros das lojas. Fora desse perímetro e nos municípios onde a empresa não está presente, a plataforma permite gerenciar as entregas feitas pelos serviços de logística dos marketplaces ou mesmo por transportadoras parceiras.

“Com a pandemia, a digitalização passou a ser uma prioridade de todos”, diz Brazil. Ele observa, porém que, no fim do dia, a dor dos lojistas para tornar realidade essa migração é a mesma. “Cerca de 90% do varejo ainda é offline e boa parte de quem já está no digital, o faz de forma improvisada.”

Brazil acrescenta que, ao ampliar os seus limites, o plano da Delivery Center é se estabelecer como um fornecedor capaz de atender de ponta-a-ponta essa demanda. O que envolve, inclusive, as ferramentas para a criação de canais próprios de e-commerce desses varejistas.

Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese, ressalta que o foco inicial da Delivery Center em shoppings foi reforçado pelo fato de a empresa ter entre seus sócios grandes operadoras de empreendimentos. Mas que a proposta da empresa tem potencial para alcançar outras fronteiras.

“Desde o início, a proposta da empresa não se limita à última milha”, afirma. “A ideia é integrar não apenas as entregas, mas também facilitar toda a parte cadastral e de conexão desses lojistas independentes com os marketplaces.”

Segundo Brazil, mais de 2 mil lojistas já adotaram a plataforma sob esse novo conceito. Para alcançar esse perfil de cliente, a empresa escolheu, prioritariamente, duas alternativas. Uma das vias são as grandes redes e franqueadores que já têm parte de suas lojas atendidas pela startup nos shoppings.

Saulo Brazil, cofundador e CEO da Delivery Center

Em uma segunda abordagem, a Delivery Center está buscando parcerias para encurtar o caminho até esses varejistas. O leque tem desde acordos com plataformas como o Banco Inter até conversas inicias com empresas em segmentos como meios de pagamentos.

“Seríamos extremamente ineficientes se tentássemos fazer isso apenas com os nossos esforços”, diz Brazil. “Nós acreditamos muito em um ecossistema aberto. Ninguém vai conseguir abraçar esse mercado sozinho e, em especial, os varejistas que estão entrando no online agora.”

Expansão

Embora tenha a percepção de que não conseguirá cobrir todo esse mercado unicamente com a sua operação, a Delivery Center vem investindo na ampliação da sua estrutura, uma frente na qual a empresa teve um bom avanço em 2020.

Na trilha da digitalização do varejo e dos shoppings, a empresa saiu de uma presença restrita a 20 hubs em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, para uma base atual de 60 centros logísticos em operação, distribuídos em 24 cidades.

“Já temos mais 40 hubs contratados e assinados e estamos chegando agora a 100 shoppings”, afirma Brazil. “Nossa projeção é encerrar 2021 com hubs em 150 empreendimentos, de 50 municípios.”

Essa estratégia terá como prioridade reforçar a atuação na região Nordeste, um ponto no mapa ainda pouco explorado pela companhia. No ano, estão previstas, por exemplo, inaugurações em estados como Bahia, Pernambuco e Ceará.

Para dar mais velocidade a essa expansão e aos demais investimentos, a Delivery Center está em fase inicial de captação de um aporte Série C. “Estamos conversando com investidores locais, estrangeiros e, inclusive, com sócios”, diz Brazil. “Temos caixa, mas queremos acelerar nosso próximo salto.”