Uma startup voltada para a saúde visual é a nova aposta de um fundo de investimento do Hospital Albert Einstein, gerido pela Vox Capital. O Einstein revelou com exclusividade ao NeoFeed que está liderando uma rodada seed de R$ 13 milhões na Eyecare Health, healthtech voltada para o mercado oftalmológico, que conta também com a gestora Parceiro Ventures.

Fundada em 2019 pelo casal de médicos Marco Antonio Negreiros e Ariadne Dias, a Eyecare Health opera com dois modelos de negócio B2B nos quais já conta com mais de 1,5 milhão de pacientes em sua base.

Na primeira frente, a healthtech conta com um SaaS vertical que fornece uma solução de gestão voltada para consultórios, clínicas e hospitais oftalmológicos e que facilita o controle do estoque, a realização de pagamentos e repasses e a organização financeira da empresa. A startup conta também com um assistente virtual para facilitar o envio de informações dos pacientes aos médicos.

O segundo modelo é chamado de Benefício Visão e é voltado para que as empresas possam ofertar aos funcionários um benefício voltado para a saúde oftalmológica. Os funcionários ganham consultas anuais com oftalmologistas dentro das empresas ou em clínicas parceiras e têm acesso a uma plataforma de telemedicina voltada para o pronto socorro de problemas de saúde ocular.

A empresa não revela quantos clientes tem nessa frente, mas diz que já atende empresas como os bancos Nubank e Modal. De acordo com a startup, com base em estudos realizados pela Academia Americana de Oftalmologia, a cada US$ 1 investido em saúde visual dos colaboradores, as empresas ganham US$ 12 em produtividade.

“Hoje muitos trabalhadores passam entre 10 horas e 12 horas por dia na frente de telas e isso tem um impacto direto na saúde visual”, diz Negreiros, cofundador e CEO da Eyecare Health em entrevista ao NeoFeed.

O dinheiro captado neste round será usado para ampliar principalmente a segunda frente do negócio. “Antes do aporte, tínhamos um equilíbrio de caixa interessante. Agora, estamos investindo em growth”, diz Negreiros. “O dinheiro será usado para a contratação de profissionais experientes e para investimento em marketing e vendas.”

Por ser mais nichada, a startup não conta com concorrentes diretos com serviços de SaaS e de benefícios voltados para a saúde oftalmológica. Em relação a plataformas de gestão de consultórios e clínicas, empresas como Neomed, investida pela Positive Ventures, e iClinic, comprada pela Afya, também contam com seus próprios softwares.

Marco Antonio Negreiros e Ariadne Dias, fundadores da Eyecare
Marco Antonio Negreiros e Ariadne Dias, fundadores da Eyecare

O aporte na startup estava sendo negociado pelo menos desde setembro do ano passado. “Essa era uma empresa que já estava em processo de aceleração pela Eretz.bio (a incubadora de startups do Einstein)”, diz Marcos Olmos, sócio da Vox Capital, que administra o fundo do Einstein. “Isso não é uma condição para investirmos, mas mostra que é um negócio que estava se desenvolvendo e já sendo observado pelo Einstein.”

O Einstein já investiu em 10 startups desde que estruturou seu FIP no valor de R$ 100 milhões. Entre elas estão Isa Lab, voltada para realização de exames em domicílio; Intuitive Care, de gestão financeira para centros médicos; e Klivo, coordenação de cuidados de pacientes crônicos.

Investir na Eyecare Health faz sentido para o Einstein de acordo com os últimos passos que a companhia vem tomando. No ano passado, a diretoria do hospital reforçou a aposta na B2B com um programa de cuidados integrados de saúde e clínicas instaladas dentro de empresas.

“Procuramos por empresas que desenvolvam produtos que possam ajudar o Einstein em sua estratégia de levar saúde de qualidade para o maior número de pessoas”, diz Rodrigo Demarch, diretor-executivo de inovação do Einstein. “Por isso, o foco está voltado para saúde digital, mas também temos feito investimentos em biotecnologia.”

Entre dois ou três deals estão em fase final de aprovação e devem ser anunciados nos próximos meses. No alvo estão startups voltadas para o setor de saúde que ainda estejam em estágio inicial (seed ou série A). Em média, os cheques ficam entre R$ 4,5 milhões e R$ 8 milhões.