Fundada em 2018, a NeuralMed nasceu com a proposta de aplicar a inteligência artificial para ajudar a tornar mais eficiente o fluxo de atendimento a pacientes em prontos-socorros e demais alas de hospitais e instituições de saúde.

Três anos depois, a startup está dando um passo à frente na fila de healthtechs no radar dos investidores. A empresa está anunciando um aporte de R$ 3,2 milhões, liderado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelos fundos Alexia Ventures, Norte Ventures e MG Tech.

Até então, a NeuralMed havia captado pouco mais de R$ 2 milhões junto a investidores-anjo. A nova rodada contou ainda com a participação de investidores pessoa física, cujos nomes não foram revelados. E veio na esteira do entendimento de que era o momento ideal para acelerar a operação.

“Com a Covid-19, metade do meu pitch pré-pandemia desapareceu”, diz Anthony Eigier, cofundador e CEO da NeuralMed, ao NeoFeed. Ele destaca que a pandemia reforçou no setor a importância da tecnologia para gerar eficiência. “E o papel que a inteligência artificial pode ter nesse contexto.”

A NeuralMed desenvolve e “treina” algoritmos que fazem uma análise prévia de exames, em segundos, e permitem estabelecer uma ordem de prioridade nos atendimentos, de acordo com a urgência de cada caso. Além de fornecerem recursos para que o médico seja capaz de dar diagnósticos mais precisos.

Hoje, a startup tem seis clientes, entre eles instituições públicas como o Hospital Estadual da Vila Alpina, na zona leste de São Paulo. Patrick Arippol, sócio e cofundador da Alexia Ventures, ressalta o que chamou atenção na empresa.

“A assertividade da plataforma se compara às principais soluções mundiais”, afirma. “E, na nossa visão, Anthony e a sua equipe têm todo o potencial para levar a empresa à liderança no Brasil e no mundo.”

Expandir suas fronteiras é um dos planos da NeuralMed. A startup já entrou com um processo para obter a autorização da Food and Drug Administration (FDA), agência americana equivalente à Anvisa.

Anthony Eigier (à esq.) e André Castilla, fundadores da NeuralMed

A companhia também acaba de fechar uma parceria para integrar sua plataforma às ferramentas de uma empresa japonesa do setor, de nome não revelado, que será responsável pela oferta conjunta no sudeste asiático. No médio prazo, mercados como América Latina e África estão nos planos.

No Brasil, a empresa também está buscando parcerias. Um acordo recente foi firmado com a ProRadis, healthtech que passará a oferecer o portfólio da NeuralMed aos seus clientes. “Nossa projeção é fechar 2020 com 20 clientes na carteira”, diz Eigier.

Com o aporte, a startup planeja ainda ampliar seu time nas áreas de cientistas de dados e de vendas. Outro foco é ampliar o leque de exames. Hoje, a plataforma conta com radiografias de tórax, tomografias computadorizadas de tórax e de crânio, e eletrocardiograma. Mamografia e ressonâncias estão entre as próximas novidades no portfólio.

Trajetória

Formado em Economia pela Northwestern University, Eigier acumulou experiência em outros segmentos antes de fundar a NeuralMed. Ele trabalhou no mercado financeiro, com passagens pelo J.P. Morgan e Safra, no Brasil e nos Estados Unidos.

De volta ao País, em 2012, e decidido a dar vazão ao seu lado geek, ele fundou a aceleradora Tree Labs e, um ano depois, a Fanatee, startup de games para celular, da qual ainda é sócio. “Eu tinha retorno financeiro, mas, além de dinheiro, queria investir em algo que tivesse um propósito”, conta.

Com pai e avô médicos, ele decidiu olhar para a área da saúde. Durante três anos, ficou “internado” na empresa de radiologia da família, para identificar oportunidades de inovar no setor. Foi quando conheceu o médico radiologista André Castilla e decidiu fundar, com o novo parceiro, a NeuralMed.

“Havia muitas empresas dispostas a usar a inteligência artificial em diagnósticos difíceis e de exames muito caros”, afirma. “Mas o Brasil tem muita demanda de atendimento e poucos especialistas. Por isso, nós acreditamos no poder da aplicação desse conceito na base da pirâmide.”