Desde setembro do ano passado, o executivo Rodrigo Terron, fundador da plataforma brasileira de hackathon Shawee, está morando nos Estados Unidos.

O empreendedor, no entanto, não está na Califórnia a passeio. Ele também não foi para lá estudar ou fazer uma imersão no universo de tecnologia e inovação do Vale do Silício.

Terron desembarcou nos Estados Unidos e se estabeleceu em Oakland, a terra do time da NBA Golden State Warriors, e ao lado de São Francisco, no coração do Vale do Silício, para criar a operação americana da Shawee.

Nove meses depois, a Shawee planeja organizar seus primeiros hackathons em terras americanas, como são conhecidas as maratonas de programação, cujo objetivo é desenvolver um software ou solução tecnológica que atenda a um fim específico. Nesse tempo todo, Terron não ficou parado. “Resolvi seguir a mesma estratégia de lançamento da Shawee no Brasil”, disse o empreendedor ao NeoFeed.

Para entender a estratégia americana, é preciso dar um passo atrás e compreender como a Shawee se estabeleceu no Brasil. Criada em 2017, a startup desenvolveu uma plataforma digital que automatiza todo o processo de um hackathon, de sua idealização, organização, realização até avaliação.

Desde sua fundação, a startup já realizou 150 eventos em 10 Estados brasileiros para 40 clientes, como Uber, Globo, Itaú, SAP, IBM, Stone, Elo Cartões, Banco Original e Unilever.

“Somos uma espécie de Salesforce dos hackathons”, diz Terron, referindo-se à plataforma de automação de clientes baseado em computação em nuvem criada pelo hoje bilionário americano Marc Benioff, atual dono da revista Time.

Terron começou a organizar hackathons meio que por acaso. Uma empresa para a qual prestava serviço em Campinas, no interior de São Paulo, o contratou para uma maratona de programação. Logo em seguida, um evento na Câmara de Vereadores de São Paulo deu grande publicidade a ele, que era dono de uma empresa de software em 2017.

Nessa ocasião, Terron percebeu que a organização do evento era tudo manual, desde a inscrição e seleção de startups, passando pela divulgação e escolha dos jurados. “Era tudo no papel. Não havia automação nenhuma”, relembra o empreendedor. A Shawee surgiu dessa sacada de Terron e de seu sócio Abraão Sena, que usaram recursos próprios para criar a startup.

Rodrigo Terron (à esquerda) e Abraão Sena, fundadores da Shawee
Rodrigo Terron (à esquerda) e Abraão Sena, fundadores da Shawee

Um dos maiores ativos da Shawee, no entanto, não é apenas sua plataforma digital. Mas sim a comunidade que participa desses eventos. Hoje, a Shawee conta com 12 mil usuários cadastrados em sua plataforma. Quando um hackathon é organizado pela empresa, todos eles são convidados a participar. “Eles potencializam o evento”, diz Terron. “São uma espécie de evangelizadores.”

Observe o exemplo do Uber. A companhia americana contratou, no ano passado, a Shawee para organizar hackathons para discutir a questão da mobilidade em seis cidades brasileiras: Fortaleza, Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo e Recife.

“Precisávamos de uma empresa que tinha entendimento e um network local para envolver as pessoas certas”, afirma Atalija Lima, responsável pela organização das maratonas de programação do Uber. “Eles cuidaram de tudo, do catering até a programação, passando pelos participantes, mentores e jurados.”

O evento deu tão certo que, neste ano, será replicado em cinco cidades brasileiras. Além de aproximar o Uber da comunidade científica e de desenvolvedores brasileiros, alguns profissionais que atuaram na primeira edição do hackathons do aplicativo de transporte foram contratados para atuar na operação local.

Passo a passo

Essa estratégia, que deu certo no Brasil, é a que está sendo colocada em prática nos Estados Unidos. Nesses últimos oito meses, o trabalho de Terron foi criar uma comunidade de programadores e desenvolvedores na Califórnia. Para conseguir atrair esse público, ele se associou ao BayMeet, um site que organiza encontros corporativos no Vale do Silício. Até agora, já organizou sete eventos.

Nesses encontros, ele conseguiu levar profissionais do Google, Facebook e Twitter para palestrar nos eventos. E, em pouco tempo, a sua comunidade chegou a quase 600 profissionais americanos. “Eu tenho um supercartão de visitas que são os eventos organizados para o Uber”, afirma Terron. “Mas não adiantava só mostrar os cases. Eu preciso construir uma comunidade nos Estados Unidos.”

A partir de agora, Terron vai começar a desenvolver uma estratégia comercial, oferecendo a plataforma às empresas americanas. O primeiro hackathon em terras americanas vai acontecer 14 em agosto, no CircuitLaunch, um coworking especializado em startups de internet das coisas, realidades virtual e aumentada, robótica, circuitos eletrônicos e hardware, em Oakland.

Depois dele, o objetivo é que a Shawee consiga organizar até 20 hackathons nos Estados Unidos. Terron acha a meta factível pois diz que esses eventos, em geral, são concentrados no segundo semestre.

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