Não é segredo para ninguém que o México é um ecossistema de inovação em desenvolvimento e cheio de oportunidades no sistema financeiro. Por isso, ninguém quer ficar de fora.

Cristina Junqueira, fundadora e CGO do Nubank, disse em entrevista ao NeoFeed que o México é a prioridade número 1 do banco digital. A gestora Volpe Capital participou recentemente de uma tranche na Aplazo, uma fintech que atua no modelo “buy now, pay later”. Desta vez, quem anuncia um grande plano em solo mexicano é o Mercado Livre.

O Mercado Livre anunciou que tem feito reuniões com reguladores para obter a licença de um sistema bancário completo no México e aproveitar a oportunidade de disrupção e inclusão financeira. A expectativa é que a aprovação saia em um prazo de 18 a 24 meses.

Atualmente, o Mercado Pago, a plataforma financeira da rede varejista, tem a licença IFPE, que permite a oferta de soluções de pagamentos e empréstimos (incluindo crédito e débito), cartões, investimentos e seguros. O Nubank, por exemplo, opera sob a licença Sofipo nível 1 e pode oferecer a maioria dos serviços bancários, como recebimento de depósitos, emissão de cartões, empréstimos.

“Embora uma licença daria ao Mercado Livre acesso a alternativas adicionais de financiamento, acreditamos que a principal razão por trás desta decisão é aumentar a flexibilidade na oferta de novos produtos para crescer e aprofundar o envolvimento do usuário”, escreveram Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini, analista do Goldman Sachs.

No México, a operação de comércio eletrônico do Mercado Livre tem cerca de 15,3 milhões de usuários ativos mensais, em comparação com 6,8 milhões em seu aplicativo Mercado Pago no naquele país.

Na análise do Goldman, embora o Mercado Livre não divulgue a composição da sua carteira de crédito, o volume total de pagamentos (TPV) ou a base de usuários naquele mercado, a estimativa é que já esteja entre as maiores fintechs do México.

“Pelas nossas estimativas, o Mercado Livre tem uma carteira de crédito bruta de US$ 1,5 bilhão no México, o que implica em uma participação de 0,4% no total de empréstimos do mercado. Isso se compara ao Nubank, que tem cerca de US$ 900 milhões”, calculam os analistas.

O Mercado Livre relatou receitas de US$ 360 milhões da sua área financeira no México no primeiro trimestre deste ano (65% proveniente de empréstimos. No mesmo período, o Nubank informou ter atingido US$ 150 milhões.

Para os analistas do Goldman, a principal justificativa para o Mercado Livre solicitar uma licença completa é a possibilidade de lançar novos produtos. Por exemplo, permitiria que os usuários do Mercado Pago recebessem seus salários diretamente na conta digital e aumente a probabilidade de envolvimento com todas as ofertas da fintech.

“A licença também permite ao Mercado Livre ampliar as suas opções de financiamento, com a possibilidade de acessar financiamento mais barato como um banco”, dizem os analistas. “E não acreditamos que a decisão de solicitar a licença reflita o desejo de tentar competir no varejo bancário com depósitos no curto prazo.”

Listada na bolsa de valores da Argentina, a ação MELI está em queda de 29,5% no ano, mas em 12 meses a valorização é de 62,6%. O valor de mercado da companhia é de US$ 88,1 bilhões.