O fundador e CEO da Astella, Edson Rigonatti, nunca escalou o monte Everest. Mas uma metáfora sua sobre as séries em rodadas de venture capital, que usa como exemplo a montanha mais alta do mundo, ficou famosa no setor.

Agora, Rigonatti está usando outra metáfora para criar o modelo de partnership na Astella: o karatê. São as faixas de arte marcial japonesa – que vão da branca até a preta – que vão indicar a evolução na gestora daqueles que podem se tornar sócios.

As duas primeiras a ganhar as “faixas” de sócias são Ana Rezende e Lina Lisbona, que se juntam ao time formado pelo próprio Rigonatti, Daniel Chalfon e Marcelo Sato, após a saída de Laura Constantini, no começo deste ano, da sociedade.

“A nossa inspiração é o modelo do Goldman Sachs, que é um modelo que tem uma matriz de maturidade onde todos entendem onde estão e o que é necessário para atingir as próximas etapas”, afirma Rigonatti.

Para conseguir ser sócio da Astella, é preciso chegar à faixa laranja e ter uma atuação relevante dentro e fora de casa. “Quem traz esses dois elementos está no ponto de se tornar sócio”, diz o fundador e CEO da Astella. São os casos das duas nova sócias.

Ana Rezende, por exemplo, é próxima da Astella desde a época em que estava na RD (Resultados Digitais), uma das investidas da gestora que foi vendida para a Totvs. Em 2022, se tornou uma espécie de chief talent officer da Astella, ajudando na busca de talentos para a gestora e às investidas.

O seu impacto extrapola as fronteiras do portfólio da gestora, impulsionando direta e indiretamente mulheres empreendedoras que são aceleradas pelo AstELLAS, programa de mentoria coletiva idealizado por Rezende, que está na segunda edição, com mais de 100 founders apoiadas.

“Tínhamos uma boa zona de influência na tomada de decisões, mas não co-construíamos”, afirma Rezende. “E temos o compromisso de valer as diversidades, opinando em assuntos que são liderados por homens.”

Lina Lisbona, que se juntou a Astella em 2023 como head de relações com investidores e ESG, já tinha atuado no Merrill Lynch e GPS e em gestoras de venture capital, como Earth Capital Ltd. e Barn Investimentos.

“Vamos fazer parte do comitê de investimentos. E isso reflete esse poder, trazendo diversidade e expertise”, diz Lisbona. “E, na hora de selecionar ativos, vamos olhar para a parte de ESG e impacto.”

A chegada das duas novas sócias acontece perto do closing do quinto fundo da Astella, que deve acontecer em julho. Ele deve fechar com R$ 500 milhões, que era a meta estabelecida pela gestora.

Em seu primeiro fundo, a Astella captou R$ 5 milhões (basicamente capital próprio dos sócios). No segundo, chegou a R$ 15 milhões. O terceiro atingiu R$ 100 milhões. E o quarto, R$ 480 milhões.

Rigonatti diz que o mercado de venture capital está mais racional em 2024. “Estamos de volta ao patamar de 2017 e 2018”, afirma ele. “É um pouco acima do que gostaria, mas já se sente um ajuste adequado para a realidade brasileira.”

A gestora, que foca em early stage, já investiu em 56 startups, como Omie, Sallve e Livance. A empresa já saiu, entre outros ativos, da RD e Exact Sales, ambas vendidas para a Totvs.

Em tempo: Rigonatti usa a metáfora de escalar o monte Everest para exemplificar a caminhada de uma startup até se tornar unicórnio. Para chegar ao cume, era preciso cumprir várias etapas, como as rodadas de venture capital (seed, A, B, C e assim por diante). No ponto mais alto do mundo, poucos chegavam. Assim como poucas empresas conseguem se tornar bilionárias.