O período conhecido como o inverno das startups, por conta dos baixos investimentos nessas empresas, parece que está começando a ficar mais ameno. É o que indica uma recente pesquisa que mostra que os aportes tiveram o melhor resultado em 19 meses.
As startups da América Latina captaram 505 milhões de dólares em maio de 2024, uma alta de mais de 160% na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o Distrito. Esse é o melhor resultado para um mês desde outubro de 2022.
“Os investidores estão voltando a fazer aportes no late stage”, diz Victor Harano, responsável pela área de pesquisa do Distrito. “Não se vê os megarounds acima de US$ 100 milhões, mas aquelas startups que conseguiram passar o último período mais apertado estão conseguindo captar.”
Apesar disso, a maior concentração de deals está no early stage, com 43 aportes em maio. Em seguida, vem o pré-seed, com 14 rodadas. No late stage, foram apenas seis rodadas.
Apesar de menos rodadas, os valores dos cheques influenciaram esse patamar de investimentos recorde para um mês. Um exemplo é a CRMBonus, que captou US$ 78 milhões com a Bond, gestora de venture capital liderada por Mary Meeker, uma das principais investidoras do Vale do Silício.
Outro destaque de maio foi a captação da Aplazo, uma fintech mexicana focada em “buy now, pay later”, o bom e velho crediário, só que digital, que levantou US$ 70 milhões em rodada da QED Investors e que teve participação da brasileira Volpe Capital.
Os investimentos no Brasil totalizaram 33 negócios e US$ 232,1 milhões de volume aportado, o que representou 45,9% em volume de investimento em startups latino-americanas. O total de aportes cresceu de 96% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Investimentos crescem em 2024
Outro bom indicador é que, nos cinco primeiro meses de 2024, os aportes em startups na América Latina somaram R$ 1,8 bilhão, alta de mais de 70%.
O Distrito não fez ainda previsões sobre o volume de captações pelas startups em 2024. Mas Harano acredita que ele será maior do que 2023, quando atingiu quase US$ 3 bilhões.
Questionado se o inverno das startups acabou, Harano acredita que ainda não. “Os investidores estão bem cuidadosos”, diz. “A gente viu as startups voltarem a ter uma preocupação maior com a queima de caixa. E os investidores estão olhando esse novo perfil de startups que sobreviveram.”
Mesmo com a recuperação, o volume de aportes em startups deve ficar ainda bem longe dos investimentos em 2021 e 2022, que foram anos recordes para o ecossistema de inovação na América Latina – e fruto também de muitos exageros do excesso de liquidez de capital do período.
Em 2021, os aportes somaram quase US$ 17 bilhões. Um ano depois, US$ 8,3 bilhões. Mas Harano adverte que esses são anos fora da curva e que não devem ser considerados como parâmetros. O novo normal, segundo ele, é algo na casa entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões.