O ano de 2024 começou diferente na JSL. Pela primeira vez desde 2020, a empresa de logística enxerga um período de bonança pela frente. Depois de passar por períodos conturbados, com todos os tipos de ajustes, tanto macroeconômicos como específicos do mercado de transportes, a companhia não tem motivos para desviar o foco.
“É a primeira vez que começamos um ano sem contratos para renegociar. Os que não eram bons acabaram. Além disso, o cenário macro não indica grandes mudanças. Estamos com o motor preparado e com pista fluida”, diz Ramon Alcaraz, CEO da JSL, em entrevista ao NeoFeed.
No balanço do ano, divulgado na terça-feira, 19 de março, pós-fechamento da bolsa de valores, a JSL reportou uma uma receita bruta anual de R$ 8,9 bilhões, crescimento de 25% sobre 2022. O Ebitda Ajustado de R$ 1,5 bilhão foi 35% acima do período anterior. E o lucro líquido de R$ 351,7 milhões é 81,1% maior na mesma base de comparação.
“Do IPO [realizado em 2020] para cá, quase triplicamos a receita e a margem Ebitda aumentou de 16,5% para 20,1%”, diz o CEO.
Há também nesse período uma transformação da JSL. Atualmente, 30% da receita da companhia não envolve caminhões. Ela está ligada à parte de gestão e tecnologia que fazem parte da intralogística dentro de clientes. Em montadoras, por exemplo, a JSL faz toda a distribuição e organização dos insumos do caminhão às linhas de produção.
Os 70% restantes de receita da empresa de logística estão ligados ao transporte rodoviário. A divisão é entre os caminhões dedicados aos clientes (57%) e o transporte em geral do ponto A para o B (13%).
Os números do quarto trimestre mostram, pela primeira vez, os resultados consolidados das empresas recém-adquiridas IC Transportes e FSJ. Com elas, a receita líquida de outubro a dezembro aumentou 30%, para R$ 2,16 bilhões. A expansão orgânica do período ficou entre 12% a 15%.
Guilherme Sampaio, CFO da JSL, afirma que o crescimento da FSJ desde a aquisição foi de 50%, um resultado que confirma a tese da companhia de fazer aquisições estratégicas que geram valor rapidamente para o negócio.
“A FSJ é um exemplo da nossa tese de aquisição. Pagamos um preço justo pela empresa de hoje apostando no que ela vai ser amanhã. Esse potencial de crescimento já estava lá, só foi destravado”, complementa Alcaraz.
O endividamento da JSL de R$ 2,68 bilhões se manteve estável do terceiro para quarto trimestre de 2023. A companhia tem R$ 2,6 bilhões em caixa e fez uma emissão em fevereiro deste ano de um Certificado de Recebível do Agronegócio (CRA) no total de R$ 1,7 bilhão pagando CDI + 0,97%.
“Com a queda da taxa de juros, entro em um ciclo virtuoso de redução do CDI com o spread da dívida. Isso libera fluxo de caixa. A cada 100 bps de redução eu economizo R$ 40 milhões de caixa”, afirma Sampaio.
Para o ano, a empresa de logística terá pouco mais de R$ 1 bilhão em dívidas de curto prazo. A ideia é alongar as que são mais caras para reduzir o spread médio. A alavancagem é de 2,6 vezes.
“Vamos manter o ritmo de crescimento, com geração de caixa, mesmo nível de capex e desalavancagem em 2024”, afirma o CFO.
Com valor de mercado de R$ 2,6 bilhões, a ação da JSL acumulava alta de 100,6% em 12 meses, até 19 de março. No ano, a variação é de 0,8%.