Desde junho de 2022, quando anunciou a fusão das suas operações com a PareBem, a francesa Indigo vem apertando o passo na disputa com a Estapar pela liderança do segmento de estacionamentos no mercado brasileiro.
Nessa corrida, o grupo fechou 2023 com uma receita de R$ 1,4 bilhão, 354 operações e 304 mil vagas em ativos como shoppings, aeroportos, arenas de eventos e hospitais de cem cidades do País. E, agora, começa a reservar mais espaço para uma outra frente em seu portfólio: os parques.
Em um sinal de que não está investindo nessa vertical a passeio, a Indigo revelou ao NeoFeed seu contrato mais recente na área. Trata-se do Boulevard Encantado, um complexo em Encantado (RS). E que, em linha com a sua estratégia, vai além dos estacionamentos, ao incluir serviços de mobilidade.
“Parques foi um dos segmentos que mais desenvolvemos operações em 2023 e não é por acaso”, diz Thiago Piovesan, CEO da Indigo no Brasil, ao NeoFeed. “Esse é um mercado que está com um grande apetite no Brasil, tanto em termos de novos negócios como na remodelação dos ativos já existentes.”
Traduzido em números, esse pipeline, de fato, abre boas perspectivas. É o que mostra um estudo da Associação Brasileira de Parques e Atrações (Adibra) e do Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepar), que aponta para um fluxo anual de 89 milhões de visitantes em parques do País.
Segundo a pesquisa, há 63 projetos de novos parques e atrações temáticas em estruturação no Brasil, dos quais, 31 devem ser concluídos até o fim de 2024. Essas iniciativas somam R$ 9,6 bilhões em investimentos. Outros R$ 3,7 bilhões envolvem reformas e ampliações em parques públicos.
Com uma base de 10 mil vagas no setor, no saldo entre parques públicos e temáticos, a Indigo já tem, na primeira modalidade, a gestão de estacionamentos em ativos como o Parque do Ibirapuera e o Parque Villa-Lobos, em São Paulo, e o Parque do Iguaçu, em Foz do Iguaçu (PR).
Já a segunda vertente inclui projetos como o Complexo do Zoológico, em São Paulo e o Alles Park, em Pomerode (SC). Além de contratos mais recentes, como o Aquário de São Paulo; o Animália Park, em Cotia (SP); e o Oceanic Aquarium e o Aventura Jurássica, em Balneário Camboriú (SC).
Novidade nesse portfólio, o Boulevard Encantado será inaugurado em maio, com um investimento total de R$ 50 milhões. Com uma área de 36,4 mil metros quadrados, próxima ao Parque do Cristo Protetor, o projeto reúne hotel, centro comercial, centro de eventos e áreas de lazer, entre outras atrações.
O valor do contrato da Indigo não foi revelado. O pacote não se restringirá à gestão das 230 vagas de estacionamento. Ela envolverá desde uma plataforma digital de reservas e pagamentos até a locação de bicicletas e patinetes, e serviços de transferência via carro elétrico para o Cristo Protetor e outras áreas.
Essa abordagem dialoga com uma tese mais recente da empresa no Brasil. Assim como já acontece em outras operações do grupo, a Indigo tem investido em serviços adjacentes nos ativos que administra. Da oferta de carregadores elétricos e lockers a locações e estações de bicicletas.
“O Boulevard Encantado tem uma pegada de microbilidade que se conecta com essa estratégia”, diz Piovesan. “E, de maneira geral, os parques abrem um leque maior de opções para esses serviços adicionais. É algo que já está em expansão na França e que, aqui, começa a ganhar maturidade.”
Outra vantagem ressaltada pelo executivo é a duração mais extensa dos contratos nessa modalidade. Enquanto em outros segmentos o prazo médio gira entre três e cinco anos, nesse caso, os contratos variam de 10 a 15 anos, podendo chegar, em alguns casos, a 20 anos.
“O investimento médio para operar esses ativos é maior, até pela necessidade de o investimento em transformação ser mais elevado”, afirma o CEO. “Mas, até por essa diferenciação e pelos serviços atrelados, o tíquete médio também é mais alto, especialmente nos parques temáticos.”
A Indigo tem um time dedicado para essa vertical e, no caso dos projetos envolvendo a remodelação de projetos públicos, não participa diretamente das licitações. O que a empresa tem feito é se aproximar de companhias que formam esses consórcios, assim como dos investidores em parques temáticos.
Com a meta, estipulada em 2023, de dobrar o faturamento da operação local até 2027, Piovesan ressalta que ainda é difícil estimar o quanto desse salto terá a contribuição de parques. Hoje, a área tem uma participação pequena na receita da Indigo no Brasil, de cerca de 5%.
“É um negócio ainda pequeno dentro do nosso portfólio”, afirma. “Mas, quando olhamos o tamanho do mercado e o que dá para fazer nesse espaço, os parques têm muito potencial para ser um grande vetor do nosso crescimento. E temos muito apetite para fazer isso acontecer.”