O TikTok Shop, recurso que vai permitir comprar produtos diretamente da rede social de vídeos, vai começar a operar no Brasil em maio – e não em abril, como tem sido publicado –, apurou o NeoFeed.
O mês de abril, segundo uma fonte que conhece os planos da empresa, vai ser usado para começar a cadastrar os sellers para operação brasileira.
A expectativa é conseguir milhares de sellers. Mas, neste início, o número deve estar próximo de mil empresas. O alvo é atrair vendedores de áreas como vestuário, acessórios, eletroeletrônicos, beleza, tecnologia e telefonia.
O plano é fazer uma estreia discreta, bem ao estilo chinês, e crescer de forma conservadora no mercado brasileiro. “Hoje, eles têm uma equipe de 30 pessoas”, afirma essa fonte.
Tanto que, tirando datas especiais, como o Dias da Mães, quando a operação já deve estar no ar, a ideia não é oferecer frete grátis para acelerar a operação. O frete deve ser subsidiado, mas o custo será dividido entre o TikTok e os sellers.
Em um primeiro momento, o TikTok não cobrará um take rate, a comissão por intermediar os negócios, dos vendedores. Depois, essa taxa deve ser menor do que a dos rivais para ganhar tração e acelerar a captação de sellers.
A estrutura de entrega será via parceiros logísticos que foram construídos por empresas asiáticas pioneiras no Brasil, como AliExpress e Shopee. Entre eles, Cainiao, J&T Express e Anjun.
Na China, o principal formato do Douyin, que é o equivalente do TikTok da Bytedance, são as live commerces. Mas esse modelo não deve ser o principal no Brasil – até porque não caiu no gosto do brasileiro. Os vídeos curtos, tradicionais do TikTok, e a vitrine devem ser os preferidos dos sellers locais.
A chegada do TikTok Shop tem provocado discussões sobre qual seria o impacto nas empresas de comércio eletrônico que atuam no País. Nos Estados Unidos, a operação online da empresa chinesa movimentou US$ 34 bilhões em 2024, segundo o Santander.
A expectativa do Santander, em um relatório divulgado em janeiro deste ano, é de que o TikTok Shop tem potencial de conquistar até 9% do comércio eletrônico brasileiro em três anos - o Brasil já é o terceiro maior mercado global do TikTok e tem mais de 100 milhões de usuários por aqui.
Em outro relatório, o Santander diz que a chegada ao Brasil é mais cedo que as expectativas iniciais (o banco previa o fim de 2025), mas “indica uma ânsia do TikTok em capturar o maior mercado de e-commerce da América Latina.” No México, o recurso foi ao ar em fevereiro deste ano.
“Com os termos iniciais no Brasil supostamente replicando os do México, esperamos um período de 90 dias sem comissão, frete grátis e, inicialmente, uma proibição total de joias, produtos alimentícios e itens usados”, diz um trecho desse relatório.
O Itaú BBA, em relatório, analisou qual seria o impacto ao Mercado Livre, que é considerado um dos principais afetados pela chegada do TikTok Shop ao Brasil. “Como o GMV do Meli ainda está amplamente concentrado em PMEs, muitos desses sellers podem ser atraídos para o modelo da TikTok Shop se ele se mostrar eficaz”, diz um trecho do relatório do Itaú BBA.
Para os analistas do banco de investimento, esse cenário aumenta a possibilidade de uma sobreposição crescente entre a TikTok Shop e a base de sellers do Mercado Livre no País, trazendo um risco competitivo que “vale a pena monitorar”.
Procurado, o TikTok Brasil disse que não iria comentar.