Em janeiro de 2018, a criação de uma joint venture chacoalhou o setor de saúde nos Estados Unidos. Não era para menos. A operação unia três gigantes, lideradas por um trio de peso: a Amazon, de Jeff Bezos; a Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett; e o J.P. Morgan, do CEO Jamie Dimon.
Batizada de Haven, a empresa prometia democratizar o acesso, tornar os medicamentos mais baratos e reduzir os custos com a saúde. Mas, passados exatos três anos, a companhia provou que apenas unir nomes respeitadíssimos no mercado não é sinônimo de uma receita de sucesso.
Nesta segunda-feira, 4 de janeiro, a Haven informou, por meio de comunicado publicado em seu site, que irá encerrar sua operação no fim de fevereiro. Boa parte dos 57 funcionários da companhia, sediada em Boston, deve ser realocada em cada uma das empresas por trás da joint venture.
“Nos últimos três anos, a Haven explorou uma ampla gama de soluções de saúde”, diz a nota. “Amazon, Berkshire Hathaway e JP Morgan vão aproveitar esses insights e continuarão a colaborar informalmente para projetar programas que atendam necessidades específicas de seus próprios funcionários.”
Para fontes ouvidas pela rede CNBC, que adiantou a informação, o fim da Haven é um sinal do quão desafiador é transformar o sistema de saúde americano. À parte dessa questão, outras questões concorreram para o término da operação.
De acordo com essas mesmas pessoas próximas ao negócio, um dos principais componentes foi o fato de que, enquanto a empresa desenvolvia suas ideias, o trio de companhias fundadoras executava seus próprios projetos separadamente, com seus próprios funcionários.
Segundo o site The Information, esse contexto foi reforçado, em particular, pela Amazon, cujo projeto na área de saúde, batizado de Amazon Care, já estava em andamento antes mesmo do lançamento da Haven. Nesse cenário, a empresa relutava em aderir, de fato, à iniciativa.
Um dos sinais de que a novata vinha perdendo fôlego e relevância veio em maio do ano passado, quando o cirurgião, professor e escritor Atul Gawande, que estava à frente do negócio desde a sua fundação, deixou a empresa.
Em um comunicado na época da formação da joint venture, Gawande afirmou que a Haven estava sendo criada pelo fato de suas empresas fundadoras se sentirem “frustradas com a qualidade, o serviço e os altos custos que seus funcionários e famílias experimentavam no sistema de saúde dos EUA”.
Na nota em questão, ele também destacou que a empresa criaria novas soluções e trabalharia para mudar sistemas, tecnologias, contratos, políticas e “qualquer coisa” que estivesse no caminho de um melhor atendimento.
Ao mesmo tempo em que gerou entusiasmo, na época, a notícia despertou o receio entre as empresas tradicionais de toda a cadeia do setor, diante do poderio das companhias por trás do projeto e da promessa que a iniciativa seria uma aposta de longo prazo.
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