Empresas como Rappi, iFood e Uber Eats cresceram de forma acelerada por conta da pandemia, transformando , nesse contexto, as entregas de produtos, comidas e compras de supermercado, entre muitos outros itens, em uma commodity.
Agora, uma nova tendência deve varrer o mercado financeiro: o open banking, que estabelece a abertura dos dados de clientes, antes guardados a sete chaves por uma única instituição, a outras empresas.
E a startup Franq Openbank quer aproveitar essa nova onda se posicionando como uma espécie de “delivery do open banking”, assim como iFood, Rappi e Uber Eats, unindo clientes em busca da melhor oferta de serviços e produtos financeiros com bancários autônomos em sua plataforma.
“Eu quero pegar o cliente e entregar o produto certo”, diz ao NeoFeed o CEO da Franq Openbank Paulo Silva, que fundou a startup em 2019, em Florianópolis, em conjunto com Daniel Ferretti, Gustavo Hartmann, Felipe Giroleti e João Boos.
Essa ideia acaba de captar R$ 20 milhões em uma rodada séria A de R$ 20 milhões liderada exclusivamente pelo Valor Capital, o fundo de venture capital do ex-embaixador no Brasil Clifford Sobel e seu filho Scott, que tem unicórnios como Gympass e Loft em seu portfólio.
A plataforma, que pode ser comparada também com um “Uber dos bancários”, conecta bancários autônomos com produtos e serviços de mais de 40 instituições financeiras. São nomes como Bradesco, Santander, Itaú, Geru, Creditas, BS2, Guide, BV, Rodobens e muitos outros.
Os produtos e serviços desses parceiros estão à disposição da rede de “personal bankers”, como gosta de chamar Silva os bancários autônomos, para serem ofertados aos seus clientes.
Eles oferecem desde opções de investimentos, passando por home equity, seguros, crédito imobiliário, crédito consignado até consórcios. “O ‘personal banker’ vai ser uma espécie de médico família, recomendando o melhor produto para o seu cliente”, diz Silva.
Atualmente, a plataforma da Franq conta com 2 mil personal bankers e tem crescido a uma média de 200 novos bancários por mês. Com os recursos do Valor Capital, a meta é acelerar essa expansão.
Até o fim de 2022, o objetivo de Silva é contar com uma rede de 25 mil “personal bankers”, atraindo profissionais que buscam mais flexibilidade no trabalho, bem como aqueles que perderam o emprego, por conta do enxugamento de agências dos grandes bancos.
O modelo de remuneração é o pagamento de uma comissão do parceiro financeiro. Essa taxa, de acordo com Silva, refere-se aos gastos de marketing que a instituição financeira ou a fintech gastaria com marketing para atrair um cliente. Os “personal bankers” ficam com 80% desse valor. A Franq recebe 20%.
O empreendedor afirma que a comissão é basicamente a mesma para todos os parceiros. O objetivo, segundo Silva, é evitar criar incentivos que façam os “personal bankers” indicarem os produtos das instituições que paguem as melhores comissões.
Silva diz que a plataforma da Franq não concorre com escritórios de agentes autônomos, que hoje estão sendo transformados em corretoras na briga particular entre XP e BTG Pactual. “Eles atendem ao cliente private”, diz Silva.
Os clientes de baixa renda não são também o alvo dos ‘personal bankers’ da Franq. O objetivo é atender pessoas com renda a partir de R$ 4 mil mensais e empresas acima de MEI (microempreendedor individual) e com faturamento até R$ 100 milhões.
Os recursos do Valor Capital vão ser usados também no desenvolvimento da plataforma tecnológica Franq. Ao se tornar um “personal banker”, o bancário ganha uma página pessoal no aplicativo, como se fosse a sua loja, com todo o catálogo de serviços e produtos. Ele conta também com um sistema que acompanha as operações e a carteira dos seus clientes.
Silva é um ex-executivo que fez carreira no setor financeiro brasileiro. Ele começou sua trajetória na década de 1980, no Banco do Brasil, mas acumulou passagens pelo Citi HSBC e Santander – neste último foi superintendente executivo de 2014 a 2017. “Comandei mais de 30 mil bancários”, diz o empreendedor.
Ao deixar a vida executiva, ele se mudou para Florianópolis por conta do parque tecnológico da capital de Santa Catarina e da oferta de mão de obra especializada em tecnologia. Foi quando observou que o open banking iria se transformar em uma realidade.
“O open banking está vindo, vai explodir e será uma revolução no mercado”, afirma Silva. “E essa revolução vai trazer para o cliente a arma mais poderosa que existe: o poder de escolha.”
De acordo com Silva, o open banking vai transformar os produtos e serviços financeiros brasileiros. Hoje, em sua visão, a oferta é parecida com a de restaurantes de pratos feitos, com opções limitadas.
Com a abertura dos dados dos clientes, a oferta vai ficar mais parecida com restaurantes a la carte. E, com isso, os consumidores vão precisar de especialistas que os ajudem a navegar pelas principais produtos que vão ser oferecidos no mercado.
Quando isso se tornar uma realidade ainda mais forte – hoje as plataformas abertas de investimentos já oferecem produtos e serviços de diversos players – a Franq quer estar lá para fazer o delivery.