Bikes e esteiras domésticas de fitness combinadas com aulas transmitidas ao vivo, via streaming. Com esse modelo, a Peloton estreou na Nasdaq em setembro de 2019 e, desde então, só ganhou corpo. Da cifra de US$ 8,1 bilhões, no IPO, a startup americana chegou ao valor de mercado atual de US$ 35,3 bilhões.
Agora, a empresa planeja uma novidade para manter seu ritmo de crescimento e dar novo salto em sua operação. Trata-se da sua entrada no mercado de games, por meio de um jogo batizado inicialmente de Lanebreak. A informação foi confirmada pela companhia à rede americana CNBC.
Segundo a reportagem, o game envolverá exercícios com diferentes níveis de cadência, de resistência, trilhas e obstáculos. Cada jogador poderá escolher um grau de dificuldade e desafiar outros usuários do serviço, que contará com recompensas a cada objetivo cumprido.
O game contará ainda com avatares, um sistema de pontuação e músicas que poderão ser escolhidas pelos usuários. A Peloton deve iniciar os testes com uma versão beta ainda neste ano e prevê lançar o jogo oficialmente no início de 2022.
A estreia no segmento é mais um exercício da companhia para diversificar seu portfólio. E parece ter agradado os investidores. As ações da empresa encerraram o pregão desta segunda-feira na Nasdaq cotadas a US$ 118,43, alta de 7,14%.
Ao fazer esse movimento, a Peloton é mais um nome na lista de empresas de diferentes segmentos dispostas a buscar receitas em um mercado que deixou de estar restrito a players como Microsoft, Sony e Nintendo.
Muitas dessas companhias que estão investindo nessa arena também são gigantes de tecnologia e têm mostrado que não estão para brincadeira ao apostar no setor. Dados da consultoria holandesa Newzoo ajudam a explicar esse interesse.
Segundo a empresa, o mercado global de games vai movimentar US$ 175,8 bilhões em 2021 e alcançar uma base de 3 bilhões de jogadores, em diferentes plataformas, dos consoles e PCs aos serviços na nuvem e smartphones, dispositivos que irão concentrar US$ 79 bilhões desse montante.
Antes da Peloton, a sinalização mais recente foi dada pela Netflix que anunciou o plano de começar a oferecer games em sua plataforma, a partir de 2022. Para levar à frente essa estratégia, a companhia contratou Mike Verdu, executivo com passagens por empresas como a Electronic Arts e Facebook.
A rede social de Mark Zuckerberg também vem apostando cada vez mais nesse mercado, por meio de iniciativas como a Facebook Gaming, plataforma de jogos na nuvem e de streaming de games que entrou no ar no passado.
No início de julho, o Facebook anunciou uma parceria com a francesa Ubisoft, dona de franquias como “Assassin’s Creed”, para dar acesso a esses e outros títulos, como “Hungry Dragon” e “Hungry Shark Evolution”.
A empresa também anunciou a expansão do serviço para todos os americanos e prevê estendê-lo a toda América do Norte, além da Europa, até o início de 2022.
No segmento de streaming dos jogos, quem lidera a preferência dos usuários é a Twitch, plataforma controlada por outro gigante de tecnologia, a Amazon, que comprou a empresa em 2014, por US$ 970 milhões.
Em uma iniciativa mais recente nesse mercado, a Amazon anunciou, em outubro de 2020, o lançamento do Luna, seu serviço de jogos na nuvem, inicialmente, disponível para um grupo restrito de usuários nos Estados Unidos.
Outra big tech que vem tentando conquistar seu espaço no mercado de jogos na nuvem é o Google, que lançou o Stadia, seu serviço de assinatura, em novembro de 2019.
Com diferentes modelos e abordagens, a corrida dos games também vem atraindo empresas brasileiras. A América Latina é apontada pela Newzoo como um dos mercados que irá sustentar a expansão indústria, com um crescimento previsto de 5,1% nesse ano, para US$ 7,2 bilhões.
Um exemplo dessa aposta no mercado brasileiro foi dado na semana passada pelo Magazine Luiza, que desembolsou mais de R$ 3,8 bilhões, em dinheiro e ações, na aquisição da KaBuM!, plataforma de e-commerce de games e de tecnologia.
Em outra seara, os games também vem atraindo o interesse e os recursos dos grandes bancos atuantes no mercado brasileiro. Entre outras ações, em março desse ano, o next, banco digital do Bradesco, anunciou que começaria a patrocinar o Fluxo, um dos principais times de eSports do País.
Na mesma linha, em maio, o Itaú Unibanco começou a patrocinar o Loud, outro time de destaque no segmento. Já o Santander, além de patrocinar a Liga Brasileira de Free Fire, anunciou, no início desse mês, o Consórcio Gamer, produto destinado a ajudar os aficionados por jogos a comprarem equipamentos, acessórios e periféricos desse universo.