Depois de apresentar o que chamou de seu trimestre histórico, com crescimento em quase todas as verticais, tanto no marketplace como em crédito, seguros, passando por investimentos, o Inter, hoje com 8,5 milhões de correntistas, começou o ano olhando para fora.

João Vitor Menin, CEO do banco digital, pretende levar o app do Inter para outros países e o projeto está em plena execução. “Estamos criando um app para não correntistas. Vamos lançar em março para brasileiros e no final do segundo trimestre para o mercado internacional”, diz Menin com exclusividade ao NeoFeed.

A ideia é transformar o app em uma wallett em que o cliente pode baixar o app e cadastrar o cartão de crédito. “Pode ser cliente do Itaú, do Chase Manhattan ou de qualquer outro banco”, diz o executivo. A instituição financeira vai focar suas atenções em países da América do Sul, Estados Unidos, Portugal, Espanha e Reino Unido. “Onde há forte presença de colônias brasileiras.”

Menin diz que esse é o grande projeto do banco para 2021 e, que dependendo do resultado, pode fazer com que o número de clientes fora do Brasil seja maior do que aqui num prazo de cinco anos. Mas a ideia é comer pelas beiradas e ir avançando. “Vamos iniciar pequenos, sentindo o mercado, para depois avançar”, afirma.

Inicialmente, o banco deve investir em marketing via propaganda programática em plataformas como Google e Facebook para levar a marca do Inter a outros países. O domínio escolhido para o início desse processo é gointer.com e o banco deve contratar dois executivos para cuidarem da operação: um baseado em Miami e outro em Portugal.

O app vai contar com lojas trazidas por empresas de marketing de afiliados como Rakuten e Awin. Os usuários vão poder comprar pelo app aparelhos eletrônicos, gift cards e até seguros viagem, e terão cash back. O Inter será remunerado sobre a venda que gerar para os lojistas que ali estão. O lojista paga para a empresa de afiliados e esta repassa para o Inter. E isso pode variar entre 5% e 15% do valor do produto.

O Inter vai sentir o comportamento de consumo em cada país para decidir se traz as lojas para dentro de seu app, como faz com grande parte das lojas de seu marketplace Intershop. “Estamos comprando um call barata que pode ter um potencial enorme para o nosso negócio”, diz Menin.

João Vitor Menin, CEO do Inter

Caso decida integrar as lojas para dentro do app, sem a intermediação de uma empresa de afiliados, o executivo diz que já tem o terreno preparado. “A nossa integradora é a VTex, que está em vários países e poderá nos ajudar com isso”, afirma.

Um executivo do mercado de bancos digitais ouvido pelo NeoFeed afirma que a ofensiva do Inter no exterior é muito ambiciosa e de difícil execução. “É mais fácil eles conquistarem o usuário brasileiro que mora fora do que o estrangeiro, que está acostumado com suas marcas locais”, diz esse profissional. “No exterior, é outro jogo.”

Contratação de peso

Enquanto ainda não entra em campo lá fora, a empresa tem fortalecido seu management por aqui. E acaba de fazer uma contratação de peso para impulsionar a Inter Invest, plataforma aberta de investimentos com mais de R$ 32 bilhões sob custódia e 1,3 milhão de investidores.

O Inter trouxe Felipe Bottino, que foi CEO da Pi Investimentos, do Santander, e, desde junho do ano passado, liderava a corretora de seguros do banco espanhol no Brasil se reportando a Marcelo Labutto, diretor-executivo do banco. Ele terá a missão de encorpar ainda mais a operação de investimentos do Inter. "Aumentar os ativos sob custódia e lançar novos produtos", diz Menin.

Felipe Bottino, que comandou a Pi Investimentos, foi contratado para liderar a Inter Invest

Os planos do banco envolvem uma plataforma de educação financeira para os clientes e uma rede de advisors para ajudar na escolha dos investimentos. Bottino, que já trabalhou na Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, e cursou MBA no MIT focado em produtos de previdência, tem currículo para botar isso em prática e vai atuar em uma área em franca expansão.

No quarto trimestre de 2020, o Inter atingiu o número de 330 mil clientes com ações custodiadas no banco, o que representa 10% dos investidores pessoa física na Bolsa. Além disso, o número de clientes que fazem algum tipo de investimento na Inter Invest saltou para 1,3 milhão – um crescimento de 30% em relação ao terceiro trimestre de 2020.

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