Em 2014, as vendas do champagne Moët & Chandon eram minguadas no Brasil, enquanto as do Veuve Clicquot colocava o País entre os 10 maiores mercado no mundo para a marca da LVMH (Louis Vuitton Moët Henessy), do bilionário francês Bernard Arnault, um dos homens mais rico do planeta.

Em um curto período de tempo, isso mudou completamente. Em 2020, a Moët, que também pertence ao grupo LVMH, despontou como a marca da região francesa de Champagne número 1 no Brasil tanto em volume (17% maior que Clicquot) quanto em valor (24,5% maior), de acordo dados da consultoria Ideal BI.

Segundo Catharine Petit, diretora geral da Moët Henessy Brasil, o resultado no mercado brasileiro ilustra as mudanças que estão ocorrendo dentro da empresa. A espanhola Berta de Pablos-Barbier, por exemplo, assumiu a posição de CEO no início deste ano, sucedendo a Stéphane Baschiera, que comandou a casa de champagne nos últimos oito anos.

A nova CEO deu início a uma reformulação da imagem da Möet, que começou com um novo logotipo, em junho deste ano, que deu maior nitidez para o nome e trocou a referência ao ano de fundação da vinícola (“fondé en 1743”, por “France 1743”).

A simplificação no rótulo reproduz a abordagem que a marca deve ser tratada a partir de agora, com estilo mais inclusivo e próximo dos consumidores e sommeliers. Atualmente, a garrafa de Moët & Chandon Brut Impérial pode ser encontrada a partir de R$ 325, enquanto a Veuve Clicquot Brut parte de R$ 342 em lojas e-commerce no Brasil.

Na taça, a Moët também se mostra mais frutada e fresca, frente à maior densidade e notas de fermento da Clicquot, o que faz da primeira mais fácil de se beber. O consumidor brasileiro confirma esta predileção pelas versões mais frutadas, a ponto do segundo rótulo da marca mais vendido por aqui ser a versão Ice, ainda mais frutada que a Impérial, e com leve doçura residual, para ser servido com gelo dentro da taça.

No aspecto produtivo, a Moët também se mostra mais democrática, utilizando partes praticamente iguais das três principais variedades da região: a Chardonnay, a Pinot Noir e a Pinot Meunier, de 288 das 320 vilas que compõem a região da Champagne.

A maior base de componentes permite um volume maior de produção e a manutenção de seu estilo a cada ano, o grande fator de sucesso dos produtores. Para produzir o Moët Impérial Brut, o rótulo de champagne mais vendido no mundo, cerca de um terço de sua composição é dos chamados “vinhos de reserva”, vinhos de safras anteriores que formam a personalidade de cada marca.

Essa diversidade de fornecedores se torna particularmente importante em uma safra como 2021, que está ocorrendo agora. Em virtude das geadas que atingiram a região, espera-se colher 30% menos uvas que o habitual, com algumas vilas perdendo mais da metade de sua produção de uvas.

Embora no Brasil as duas principais marcas de champagne do grupo LVMH (que também possui Ruinart, Dom Pérignon, Krug e Mercier, todos de Champagne) dominem o mercado, o cenário das vendas preocupa. “Nos últimos cinco anos, o mercado encolheu 48% em volume. Mantivemos a participação dentro do segmento, mas só há metade do bolo agora”, diz Catherine Petit.

Entre os motivos apontados para esta queda estão a desvalorização do real frente ao euro e o crescimento dos espumantes brasileiros. Ainda assim no primeiro semestre de 2021, a importação das duas marcas cresceram 9% frente ao mesmo período do ano anterior.