Em um movimento inesperado, a Americanas anunciou nesta sexta-feira, dia 19 de agosto, a troca de seu CEO. Sai Miguel Gutierrez, que trabalhou por quase 30 anos na companhia, e entra Sergio Rial, ex-CEO e atual presidente do conselho de administração do Santander Brasil, em busca de crescimento com rentabilidade.
No comunicado ao mercado, a Americanas afirmou que Rial tornou o Santander Brasil a operação mais rentável do grupo Santander, melhorando os índices de eficiência e retorno sobre o patrimônio líquido. A mudança está prevista para ser consumada a partir de 1º de janeiro de 2023.
“Acreditamos que este movimento de sucessão reforçará a estratégia da companhia de crescimento com rentabilidade, indo ao encontro do nosso propósito de somar o que o mundo tem de bom para melhorar a vida das pessoas”, diz trecho do comunicado. "São elementos conhecidos de sua gestão a determinação por crescimento rentável, transformação digital com foco no cliente e desenvolvimento de equipes e negócios de alta performance."
Além do seu trabalho no Santander, Rial também é presidente do conselho de administração da Vibra e ocupa a vice-presidência do colegiado da BRF. Ele também foi CEO da Marfrig entre 2014 e 2015.
Segundo a Americanas, sob a gestão de Gutierrez, que assumiu a então Universo Americanas em 2020, a empresa expandiu suas operações de 100 para mais de 3,5 mil lojas físicas e apresentou um aumento de 40 vezes do GMV.
A troca de executivos é o primeiro movimento de governança corporativa desde que Americanas realizou uma reestruturação societária, no fim do ano passado, combinando os negócios de lojas físicas com a unidade de comércio eletrônico, a B2W. O objetivo era aumentar a liquidez das ações e melhorar a governança corporativa.
Com o fim da complexa estrutura societária, o plano agora da empresa envolve competir de frente na parte de e-commerce brasileiro, um mercado que vai se afunilando, com uma disputa intensa entre Mercado Livre, Magazine Luiza e Via, e que desde 2019 conta também com grandes nomes internacionais como Amazon e Shopee.
O grande desafio da empresa é justamente tornar o braço online competitivo. No segundo trimestre, a receita bruta digital caiu 7,6%, para R$ 4,4 bilhões. O GMV digital aumentou 5,7%, para R$ 10,4 bilhões, puxado pelo desempenho dos sellers plugados à plataforma. O GMV das operações da Americanas recuou 7,6%, para R$ 4,4 bilhões.
A companhia fechou o segundo trimestre com um prejuízo de R$ 98 milhões, um aumento de 15% em relação à perda do mesmo período de 2021. A receita líquida cresceu 6,7%, para R$ 6,7 bilhões, e o Ebitda ajustado aumentou 29,2%, para R$ 843 milhões.
As ações da Americanas fecharam o dia com queda de 4,40%, a R$ 13,03. No ano, elas acumulam desvalorização de 57,7%, levando o valor de mercado a R$ 11,7 bilhões.