Em abril do ano passado, a corretora de criptomoedas Coinbase chegou à Nasdaq através de uma listagem direta avaliada em US$ 85 bilhões, mais do que a soma de valor de mercado de Itaú e Bradesco somados.

Mais de um ano depois, a Coinbase vale US$ 17,6 bilhões, uma queda espetacular de US$ 67,4 bilhões de valor de mercado desde quando se tornou púbica, transformando-se em um símbolo da retração generalizada que afetam ativos de tecnologia e de criptomoedas.

Ao mesmo tempo em que tenta reduzir os gastos ao pausar novos projetos e suspender contratações, a companhia que tem 5 mil funcionários está implementando uma medida para evitar perder empregados que poderão ser seduzidos por propostas melhores, segundo e-mails que o site americano The Information teve acesso.

O plano é aumentar a concessão de stock grants, ações que são cedidas aos empregados após eles cumprirem um determinado tempo de casa.

A concessão dessas ações é uma prática comum, principalmente nos Estados Unidos, em que as companhias utilizam essa estratégia na tentativa de contratar novos empregados. Só que a Coinbase agora precisa conceder um número maior de ações para compensar parte do preço do ativo, que já caiu mais de 73% nos últimos seis meses.

Terceira maior exchange em volume de negócios no mundo, atrás apenas de Binance e FTX, a Coinbase enfrenta um momento difícil. A receita da empresa recuou 27% para US$ 1,17 bilhão no primeiro trimestre. O prejuízo do período foi de US$ 430 milhões.

Soma-se a isso a ccrise do mercado de criptoativos sofre com a queda do $USDT e a desvalorização de algumas das principais moedas digitais. O bitcoin, por exemplo, já despencou mais de 36% desde o começo do ano e é negociado por algo em torno de US$ 30,1 mil por unidade.

Em seu relatório trimestral de resultados, a Coinbase chegou ainda a informar que, caso entre com um pedido de falência, os ativos digitais sob custódia seriam confiscados e os clientes só recuperariam o valor depois que a plataforma pagasse outros credores. Em outras palavras, os clientes iriam para o fim da fila de cobradores. O valor sob custódia no fim de março era de US$ 256 milhões.

Apesar da explicação e com a repercussão do caso, Brian Armstrong, CEO da Coinbase, usou o Twitter para afirmar que a empresa não tem risco de falir. Segundo ele, a divulgação foi apenas para cumprir uma regra imposta pela Securities and Exchange Commission (SEC).

Como forma de reverter o quadro financeiro, a companhia anunciou, no começo desta semana, que iria adotar uma postura mais conservadora nos gastos. Isso incluiria diminuir o ritmo de contratações para este ano como forma de focar nas metas de negócios de “alta prioridade” para não perder o controle em relação às finanças.

Depois de abrir capital, a Coinbase triplicou o número de funcionários que tinha nos meses que seguiram à listagem de ações, passando de 1,2 mil para mais de 3,7 mil. Após a virada do ano, a empresa contratou ainda mais cerca de 1,2 mil funcionários.

O mercado parece ter reagido de forma positiva num primeiro momento. As ações da companhia negociadas na Nasdaq fecharam o pregão de quinta-feira, 19 de maio, com alta de quase 7%.