Algumas décadas atrás havia em Salvador um bloco de carnaval chamado "Cada Ano Sai Pior". Linda marca, original, mensagem clara e fatalista. Como toda boa marca, cumpriu o que prometeu, foi ficando cada vez pior e desapareceu. Acabou! Entregou 100% da sua proposta.

Apesar de não estar na marca, de forma tão explícita, muitas organizações e muitos profissionais têm trajetória semelhante. Botam o bloco na rua e entram num processo ininterrupto de “piora” contínua. Vão morrendo ano após ano, até que desaparecem do mercado. Quer garantir sucesso no desaparecimento? Basta adotar algumas práticas e manter o ritmo.

Vejamos algumas dicas infalíveis.

Você pode se tornar arrogante, adotar a máxima de que sabe tudo e começar a menosprezar a inteligência dos outros. Passar do ponto da autoconfiança e virar o senhor sabe tudo. Muito simples, o fim do trapezista é quando ele acredita que já sabe voar.

Outra dica é passar a tratar seus concorrentes como inimigos. Sem concorrência você não tem emprego, não tem evolução e emburrece. E não custa saber que competir vem do latim e significa empenhar-se junto, ou seja não tem nada a ver com alguém perder. Coloque seu competidor na linha de tiro, passe a olhar mais para o que ele faz do que para sua performance, justifique todos os seus problemas por conta da concorrência e blum! Aposto que seu negócio vai afundar.

Acha pouco? Então vai mais uma dica. Comece a achar que seu talento te sustenta e que é suficiente para o sucesso. Aqui pego uma carona em Angela Duckworth, que no seu livro Garra nos diz: “Sem esforço seu potencial não passa de algo não concretizado. Sem esforço, sua habilidade não passa do que você poderia ter feito, mas não fez. Com esforço, o talento se transforma em habilidade e, ao mesmo tempo, o esforço torna a habilidade produtiva”. É preciso suar, e muito!

Outra infalível. Você pode parar de aprender, pior anda, você pode perder a vontade de aprender. Não se esqueça de que todo santo dia você vai ficando desatualizado. Por exemplo, conheço muitos profissionais que não leem livros, nem jornais e revistas. Daí lembro de Mark Twain que disse: “Quem não quer ler não tem vantagem alguma sobre quem não sabe ler”.

Conheço muitos profissionais que não leem livros, nem jornais e revistas. Daí lembro de Mark Twain que disse: “Quem não quer ler não tem vantagem alguma sobre quem não sabe ler”

Mais fatal ainda é deixar que a ganância tome conta. Aí você começa a buscar atalhos e oportunidades, esquece que é o caráter que te ilumina e a ética que te sustenta. Uma grande vantagem da honestidade é que a concorrência é pequena. Ser honesto, em vez de ser um padrão, infelizmente se tornou uma grande vantagem competitiva.

Para dar a minha última dica de hoje, você pode não ter gratidão. Ser grato vai muito além de dizer obrigado, embora isso seja essencial. Ser grato é ter em mente que os outros são muito mais importantes do que você, afinal eu te desafio a pensar em algo útil e bom na sua vida que não tenha tido alguém que te ajudou. Sem os outros você nem existiria.

Uma grande vantagem da honestidade é que a concorrência é pequena. Ser honesto, em vez de ser um padrão, infelizmente se tornou uma grande vantagem competitiva

Este artigo foi propositalmente escrito para o lado errado, para dar errado, começando pelo título, conversa de carnaval. Mas vem a ser apenas uma provocação, um aperitivo para novas conversas. Nos próximos vamos mergulhar em direção a cada ano sair melhor, explorando como transformar cada dica acima em sucesso, sem heroísmo, mas com consistência. Afinal herói é o cara que correu pro lado errado.

*Leonel Andrade foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Também faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

Siga o NeoFeed nas redes sociais. Estamos no Facebook, no LinkedIn, no Twitter e no Instagram. Assista aos nossos vídeos no canal do YouTube e assine a nossa newsletter para receber notícias diariamente.