Desde que Wilson Ferreira Junior assumiu o comando da Vibra, em março de 2021, a distribuidora de derivados de petróleo, na época, ainda batizada como BR Distribuidora, vem cumprindo uma extensa agenda de transição para fontes renováveis por meio de aquisições, joint ventures e parcerias.

Agora, a empresa está avançando mais um passo nesse percurso ao adicionar um novo componente a essa estratégia. O grupo acaba de anunciar que fechou um acordo para a compra de 50% do capital social da ZEG Biogás, companhia que desenvolve alternativas ao uso do gás natural convencional e de outros combustíveis fósseis, como óleo diesel e GLP.

Pelos termos do acordo, a Vibra fará um aporte primário de R$ 30 milhões no fechamento da operação, além de uma parcela secundária de R$ 129,5 milhões. O grupo também negociou opções de compras futuras, a valor de mercado, que envolvem alternativas para assumir 70% ou 100% das ações.

A transação envolve ainda o compromisso da Vibra de investir R$ 412 milhões na ZEG nos próximos anos para a execução de novos projetos de biogás/biometano, dos quais, R$ 206 milhões seriam referentes à fatia de 50% na operação. Os R$ 206 milhões restantes seriam aportados em nome dos demais sócios.

Em fato relevante, a Vibra ressaltou que esses aportes adicionais estão condicionados à efetiva implantação dos projetos de expansão e à observância de condições mínimas de atratividade estabelecidas em contrato para cada projeto.

O negócio divulgado hoje dá sequência à parceria fechada entre as duas empresas em agosto do ano passado, que previa a implantação de projetos de produção de biometano a partir da vinhaça, um resíduo da produção de etanol em usinas de cana de açúcar.

A ZEG produz alternativas aos combustíveis fósseis a partir da captação e do tratamento de biogás de aterros sanitários ou por meio da biodigestão de diferentes tipos de resíduos agroindustriais, entre eles, a já citada vinhaça da cana de açúcar.

No fato relevante, a Vibra destacou que a companhia tem potencial de atingir uma produção de mais de 2 milhões de metros cúbicos por dia em até 5 anos.

A exemplo da associação com a ZEG, que agora inclui laços societários, os movimentos recentes da Vibra passam, por exemplo, pela joint venture com a Copersucar, para a comercialização de etanol e pela aquisição de 50% da Comerc, para a comercialização de energia elétrica.

A busca por novos horizontes do grupo também envolveu uma joint venture com a Americanas, em lojas de conveniência, e por parcerias com a Easy Volt, startup de redes de recarga elétrica, e com a BBF, para a produção de diesel verde e de combustível sustentável para a aviação.

“O que falta é o gás natural e esperamos complementar essa plataforma nos próximos meses”, disse Wilson Ferreira Junior, em entrevista recente ao NeoFeed, quando questionado sobre as prioridades da empresa no curto e médio prazo, em termos de novos movimentos inorgânicos.

No primeiro trimestre de 2022, a Vibra reportou uma queda de 33,9% em seu lucro líquido na comparação com igual período do ano passado. Entre janeiro e março, a receita líquida da empresa cresceu 46,9%, para R$ 38,3 bilhões.

Neste ano, as ações da Vibra acumulam uma desvalorização de 21%. A companhia está avaliada em R$ 19 bilhões.