A corrida entre montadoras pelo mercado de veículos autônomos está cada vez mais aquecida. Após a americana Ford anunciar que pretende disponibilizar os seus primeiros modelos até o fim deste ano, nos Estados Unidos, a compatriota GM revelou ao mercado uma meta agressiva para o segmento até o fim da década.

Por meio da Cruise, a marca da GM que se dedica ao desenvolvimento de carros sem motorista, a montadora informou que pretende chegar a 2030 com uma frota de 1 milhão de automóveis autônomos, segundo apresentação feita em encontro com investidores.

“Queremos escalar esse negócio rapidamente”, disse o CEO da Cruise, Dan Ammann, um ex-executivo de bancos de investimento que se juntou à subsidiária da GM em 2019 e atraiu investimentos de Microsoft, Softbank e Honda, que se tornaram acionistas minoritários.

A Cruise tem feito testes com robô-táxis em São Francisco, na Califórnia, há vários anos. Segundo Ammann, há a intenção de começar a cobrar dos clientes pelas viagens já no próximo ano, enquanto aguarda a autorização final do governo estadual. A companhia já conseguiu cinco das seis permissões necessárias para iniciar a operação.

A expectativa do CEO é que o negócio acelere a partir de 2023. Esperava-se que a marca tivesse lançado em 2019 um serviço de carona para o público, com carros autônomos, mas os planos foram adiados para realizar mais testes.

A Waymo, do Google, também recebeu uma licença semelhante da Califórnia, mas que exige que os veículos tenham motoristas de segurança reservas. Assim como a Ford, que tem uma parceria com a Lyft, um aplicativo de carona que concorre com a Uber nos EUA, a gigante de tecnologia também quer oferecer viagens autônomas em aplicativos de transporte.

Neste caso, o aplicativo é o da própria empresa, o Waymo One, que estreou no mercado em outubro de 2020, sem a necessidade de assinatura de termos de confidencialidade.

A Waymo, que também tem feito parcerias com montadoras, assinou no mesmo mês um acordo com Daimler, dona da Mercedes-Benz, para produzir caminhões autônomos que devem chegar ao mercado nos próximos anos, mas sem um cronograma detalhado.

A parceria da Ford com a Lyft vai começar por Miami, na Flórida. A ideia é expandir depois para Austin, no Texas, em 2022, e na sequência desembarcar em outras cidades, em um plano que envolve levar para as ruas 1 mil carros autônomos em um período de cinco anos.

A Cruise, por sua vez, assinou um acordo com a autoridade rodoviária e de transporte de Dubai para ser a fornecedora exclusiva de táxis autônomos e serviços de carona até 2029, o que ajudaria a atingir a meta de 1 milhão de carros até 2030.

Parte do esforço da subsidiária da GM também envolve reduzir custos. Segundo Ammann, a Cruise quer diminuir rapidamente o custo da viagem, de cerca de US$ 5 por milha (1,6 quilômetro) hoje, para US$ 1,50 por milha.

Os planos da Cruise fazem parte de uma meta ainda maior da GM para dobrar as suas receitas até 2030. Nos últimos 5 anos, em média, a montadora teve uma receita anual US$ 138 bilhões.

O caminho para isso, segundo a montadora, é apostar "em novos negócios", para não ser simplesmente uma montadora de carros leves e ser também uma empresa de tecnologia.

À medida em que os carros se tornam "dispositivos móveis definitivos", a GM indicou que quer ser a "Apple da indústria automotiva", com mais de US$ 80 bilhões em receitas de "novos negócios" até 2030. Só a Cruise espera chegar a US$ 50 bilhões.