A bateria de indicadores de atividade com divulgação prevista para esta semana mal foi disparada e o dólar já atinge a máxima em 20 anos no mercado internacional. O indicador composto de atividade industrial e serviços da Zona do Euro azedou o câmbio. O PMI (na sigla em inglês) caiu de 54,8 pontos em maio para 52 pontos em junho, segundo a S&P Global Market, o pior resultado em 16 meses.

O índice DXY – que representa a relação do dólar ante à cesta de moedas com euro, iene, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço – sobe mais de 1% nesta terça-feira, 5 de julho. Cotado aos 106,22 pontos, o DXY está no patamar mais elevado desde 2002 e é fator de indução da alta do dólar no Brasil, onde a moeda também é pressionada por temores quanto à política fiscal. Para entrega à vista, o dólar já ultrapassa R$ 5,39, valorizado em mais de 1%.

O avanço da moeda americana, em contraponto sobretudo à queda firme do euro, reflete aumento da demanda por hedge entre investidores globais que buscam proteção atentos aos sinais de desaceleração da atividade na Europa que pode ser apenas a ponta do iceberg.

A depender da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc, na sigla em inglês) a ser publicada na quarta-feira, 6 de julho, o temor quanto à desaceleração mais rápida da economia americana pode agravar a aversão ao risco. Nesta semana ainda serão divulgadas as estatísticas de vendas no varejo da Zona do Euro e indicadores de atividade e emprego nos EUA.

A tensão em torno da crise energética na Europa dependente do gás importado da Rússia, combinada à desaceleração da atividade, levou a uma posição secundária o resultado do PMI de serviços da China em junho. O indicador avançou a 54,5 em junho, ante 41,1 em maio, informa a Caixin e a S&P Global. Acima de 50, o dado aponta expansão da atividade.

“A impressão que se tem é que o pior já passou. A flexibilização das medidas de isolamento e a retomada da economia já são uma realidade, com a normalização das cadeias produtivas e distribuição de bens e serviços”, diz um trecho de um relatório da Mirae Asset Wealth Management.

No texto, a Mirae estima que o PIB chinês deve crescer em torno de 4% a 4,5% neste ano, abaixo da meta do governo, de 5,5%.

“Uma retomada do PIB é esperada para o segundo semestre. No primeiro trimestre, o crescimento ficou em 4,8%, ante igual período de 2021, mas com perda de dinamismo em março, em função dos lockdowns”, diz a Mirae, que chama atenção para o alívio do isolamento das cidades que favorece indicadores de confiança. Entre abril e junho, o índice de confiança do consumidor chinês subiu a 109 pontos, marcando o quinto trimestre seguido de alta do indicador.