O Nubank, que está se preparando para abrir capital em Nova York, acaba de anunciar que fez o pedido formal à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para também se listar na B3, por meio de BDRs (Brazilian Depositary Receipt), papéis que representam empresas negociadas no exterior.

A empresa, com isso, confirma o plano de fazer uma dupla listagem, nos EUA e no Brasil, em processos que estão sendo tocados ao mesmo tempo. A expectativa é que o IPO ocorra até o fim do ano. A fintech busca uma avaliação superior a US$ 50 bilhões - privadamente, ela está avaliada em US$ 30 bilhões.

Lá fora, o Nubank também já protocolou a minuta do formulário F-1 na Securities and Exchange Commission (SEC), a CVM dos EUA - um registro que o regulador americano exige de empresas estrangeiras que querem se listar no país.

O anúncio do pedido para as BDRs ocorre duas semanas depois de a fintech anunciar o seu primeiro lucro, ajudando a tornar ainda mais robusta a tese de investimento da companhia. A empresa vinha sendo frequentemente cobrada pelos prejuízos registrados desde a fundação, em 2013.

No primeiro semestre, o resultado da companhia ficou positivo em R$ 76 milhões. Na primeira metade do ano passado, havia tido prejuízo de R$ 95 milhões.

Além disso, o Nubank também tem reforçado o seu conselho de administração, com nomes de peso internacional.

O mais recente a ser anunciado foi Muhtar Kent, ex-CEO global da Coca-Cola, que vai se juntar a nomes como Jacqueline Reses, ex-CEO da fintech Square e atual presidente do Conselho Consultivo Econômico do FED; Luís Alberto Moreno, ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); e Daniel Goldberg, ex-presidente do Morgan Stanley no Brasil, além, é claro, da cantora brasileira Anitta.

Com as BDRs, os investidores brasileiros poderão investir no Nubank sem precisar abrir uma conta em uma corretora estrangeira. A empresa, portanto, segue o exemplo do PagSeguro, que abriu capital em Nova York em 2018 e, neste ano, passou a também ser listada na B3, por meio do certificado.

O mais comum, porém, é que empresas estrangeiras recorram às BDRs para ter acesso aos investidores brasileiros. Big techs como Google e Amazon também são negociadas no Brasil por meio do instrumento.

As BDRs passaram a ser mais populares depois de outubro do ano passado. Até então, apenas investidores qualificados, com pelo menos R$ 1 milhão em aplicações, poderiam investir nos certificados de empresas listadas lá fora. Desde então, investidores do varejo também podem recorrer a elas.