A Hospital Care, holding de serviços de saúde fundada por Elie Horn, da Cyrela, pelo investidor Julio Bozano e pelo fundo de private equity Crescera, ensaiou uma abertura de capital, no início do ano, mas recuou diante da janela que acabou se fechando. Isso não quer dizer que a companhia ficou parada.

A empresa, comandada pelo executivo Rogério Melzi, acaba de anunciar, em fato relevante, a compra de 60% do Hospital Policlínica Cascavel, no Paraná. Fundado em 1968, ele conta com 130 leitos e 340 profissionais de saúde, entre médicos, técnicos de enfermagem, entre outros.

O valor do negócio não foi revelado, entretanto, mais do que o tamanho do cheque, a aquisição tem um componente estratégico muito grande. A partir do Hospital Policlínica Cascavel, a Hospital Care pretende criar o seu segundo hub de saúde no Estado do Paraná.

O primeiro do grupo no Estado foi o Hospital Pilar, comprado em dezembro de 2019. A estratégia é desenvolver o que os executivos chamam de hubs de saúde: um hospital central como a marca principal e outros serviços, como clínicas, consultórios e laboratórios, orbitando ao redor dele.

“Esta aquisição está alinhada com a estratégia da Companhia de expansão e formação de hubs em cidades do interior de Estados na região Sudeste, Sul e Centro-Oeste”, disse João Marcos Bezerra, CFO da Hospital Care no fato relevante.

Atualmente, a Hospital Care conta com seis hubs espalhados por cidades como São José do Rio Preto (SP), Ribeirão Preto (SP), Campinas (SP), Sorocaba (SP), Florianópolis (SC) e Curitiba (PR). O de Cascavel vai se tornar o seu sétimo hub. Agora, o grupo, com 12 mil colaboradores, soma 12 hospitais e 25 clínicas e centros médicos.

No ano passado, a companhia apresentou uma receita líquida de R$ 983,7 milhões, contra R$ 774 milhões, um ano antes. No período, o lucro líquido ficou em R$ 12 milhões, contra um prejuízo líquido de R$ 24 milhões em 2019.

O avanço da empresa com as próprias pernas se contrapõe ao de outros grupos que também estão participando da consolidação desse mercado de saúde. Gigantes como Rede D’Or, que vale R$ 127,6 bilhões, e Dasa, com valor de mercado de R$ 23 bilhões, têm dominado os M&As e estão com caixas robustos.

Concorrentes de médio porte como Mater Dei, com sede em Minas Gerais, e Kora Saúde, sediado no Espírito Santo, também têm sido bem atuantes e estão capitalizados depois de terem feito IPOs. Aliás, o grupo Kora Saúde anunciou hoje a aquisição de 80% do grupo cearense OTO por R$ 248 milhões.

A Hospital Care, apesar de ter recuado do IPO, não descartou uma nova tentativa. No mês passado, a empresa anunciou a contratação do Citi e do Itaú BBA para avaliar potenciais estruturas de capitalização. Com a máquina de compras a todo vapor, a companhia vai precisar de mais dinheiro.