Num mundo cada vez mais digital, há uma empresa que não para de crescer investindo num produto inventado há quase 2 mil anos: o papel. Trate-se da Printi, startup que presta serviços de gráfica online, fundada em 2012 pelos alemães Mate Pencz e Florian Hagenbuch, que são sócios também do fundo de investimento Canary.

Em abril deste ano, a companhia concluiu a instalação de três máquinas Speedmaster XL 106, da fabricante alemã Heidelberg, consideradas as mais modernas da atualidade. Com o novo maquinário, o parque gráfico da Printi, em Barueri (SP), vai aumentar sua capacidade de impressão em até 80%.

No total, a companhia está investindo R$ 60 milhões. Os recursos incluem as novas máquinas de impressão e a ampliação do parque gráfico, que está sendo aumentado em 3 mil metros quadrados – hoje ele ocupa 5,8 mil metros quadrados.

“Estamos em um setor considerado arcaico e prosaico para ser inovador. Não é sexy e porque não é sexy, não tem mais muitos concorrentes de grande porte”, diz Diego Luz, CEO da Printi. “Se conseguirmos performar bem, vamos ganhar esse jogo e ser o player dominante no Brasil.”

A Printi surgiu para atender a demanda de pequenas e médias empresas por pedidos de baixa tiragem. Seu processo permite que tudo seja personalizado online, uma inovação para um setor que só usa tecnologia em seus parques gráficos.

No começo, eram apenas dois produtos, como cartões de visitas e flyers. Hoje, a empresa oferece mais de 200 produtos, de camisetas, canetas, chaveiros, canecas e até embalagens – área que acabou de entrar. São milhares de combinações possíveis de tamanhos e cores. Tudo é entregue em até quatro dias – o cliente tem de pagar o frete.

O pulo do gato da Printi são softwares, desenvolvidos internamente, que permitem a otimização da impressão. Em uma mesma folha de papel, a startup imprime diversos pedidos, reduzindo as perdas. “A otimização é de, em média, 80% da folha do papel”, diz Luz. Com isso, ela consegue atender pedidos com baixa tiragem de impressão a preços competitivos.

Atualmente, a companhia recebe aproximadamente 1,8 mil pedidos por dia. São 440 funcionários e uma estimativa de faturamento R$ 150 milhões. No total, são mais de 200 mil clientes. Grandes empresas também são clientes, como Google, Azul e General Electric, entre dezenas de outras.

O faturamento da Printi deve crescer 25% neste ano. É um salto e tanto em uma economia que anda de lado e não deve expandir-se mais de 1% em 2019. Mas é um avanço significativo em um setor cujas vendas estão estagnadas desde 2013.

Naquele ano, o faturamento atingiu R$ 46,8 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abrigaf). Em 2018, foi de R$ 46,7 bilhões. Se levada em conta a inflação do período, o segmento encolheu.

Expansão

Com as novas máquinas de impressão, a Printi acredita que está pronta para tocar um novo plano de expansão. Quatro projetos são considerados essenciais para puxar o crescimento da companhia nos próximos anos.

O primeiro deles são as franquias, que está fase de estudo. Em abril deste ano, um dos fundadores da Printi, Mate Pencz, afirmou que o plano era inaugurar 100 delas ainda em 2019. Mas isso não deve acontecer. Luz diz que se trata de um número potencial, mas para 2020.

Hoje, a Printi conta com três lojas próprias – uma em Alphaville, em Barueri, e duas em São Paulo. Elas estão sendo usadas para testar o modelo de franquias. “Temos a lógica de startup, criamos o MVP e vamos testando”, afirma Luz, usando um jargão que quer dizer “Mínimo Produto Viável”.

Outra iniciativa são serviços de gráfica prestado para franquias. A Printi cria um site para essas empresas, com os itens padronizados aprovados por elas, que podem ser comprados pelos franqueados. Já são clientes Casa do Bolo, Domino´s e Wizard.

A Printi estuda também iniciar uma expansão para fora de São Paulo. Os produtos da gráfica online podem ser comprados de qualquer lugar do Brasil. Mas, na prática, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais representam 80% de todos os pedidos. Motivo: o frete para fora desses Estados é caro e o prazo de entrega, longo.

A startup fez um teste, neste ano, em algumas capitais do Nordeste em que igualou os preços e o tempo de entrega com os de São Paulo. Resultado: a conclusão de um pedido pelo site chegou ao mesmo patamar de São Paulo. “Sentimos que há demanda, mas precisamos ser competitivos em preços e prazo”, afirma Diego.

Para atuar nessas cidades, a Printi estuda um parceiro logístico para reduzir custo e prazo ou até mesmo um parceiro de produção para ser competitivo no Nordeste. O martelo ainda não está batido.

A área mais promissora, na visão de Luz, é a de embalagens. A companhia passou a atuar nessa área a partir desse ano e pretende expandir a produção. Um estudo da Abigraf mostra que as embalagens representam quase 50% da produção do setor. Em segundo lugar, com 21% estão livros, revistas, manuais e guias. “Estamos testando diversos modelos nessa área e estamos otimistas”, afirma o CEO da Printi.