A Covid ainda não tinha mostrado ao mundo sua face no terceiro trimestre de 2019, quando a Log, empresa de galpões logísticos controlada pela família Menin, anunciou o plano de construir 1 milhão de metros quadrados de área bruta locável (ABL) em cinco anos, com um investimento de R$ 1,5 bilhão.

Na pandemia, veio a explosão dos cliques do e-commerce e da procura por estruturas de logística que atendessem a essa aceleração. E, com elas, uma revisão na meta já ambiciosa da companhia, com a projeção de um aporte de R$ 2,2 bilhões e a entrega de 1,5 milhão de metros quadrados até 2024.

Com novas variantes, o coronavírus ainda não dá sinais de que irá de que irá retroceder tão cedo. Assim como, na visão da Log, a demanda gerada pelo comércio eletrônico para o setor. E nesse cenário, a empresa prevê não apenas manter, como enxerga espaço para ampliar seus investimentos.

“Vamos entregar um total de 414,4 mil metros quadrados de ABL em 2022, com um investimento próximo de R$ 940 milhões”, diz Sergio Fischer, CEO da Log, ao NeoFeed. “E outro número que mostra a força dessa demanda é o fato de que já temos locados 83% desses espaços.”

A companhia já trabalha, porém, com a possibilidade de encorpar esses números a partir da negociação, em curso, de dois novos contratos. Fischer revela apenas que eles envolvem dois grandes players de e-commerce, que já integram a carteira da Log, formada por nomes como Amazon, Via e mercado livre.

“Se confirmados, esses contratos incluem R$ 300 milhões de investimento adicional e aproximadamente 100 mil metros quadrados a mais de ABL”, afirma o executivo. “A grande demanda do e-commerce tem vindo fora do eixo Rio-São Paulo e, no caso desses novos projetos, não é diferente.”

A empresa fechou 2021 com uma absorção bruta – o total de espaço locado – de 786,5 mil metros quadrados, sendo que 86% desses contratos vieram fora do eixo Rio-São Paulo. A vacância, por sua vez, ficou em 3,11%.

Em outros dados do balanço referente ao ano passado, que acaba de ser divulgado, a Log reportou um crescimento de 168,8% em seu lucro líquido, para R$ 383,2 milhões, e de 65% em seu Ebtida, para R$ 414,5 milhões, estabelecendo um recorde nesse indicador.

O ano também trouxe a superação das melhores marcas históricas da empresa em outras frentes. Como as entregas, que incluíram seis projetos, em cinco cidades, e adicionaram 231,1 mil metros quadrados em área bruta locável.

Sergio Fischer, CEO da Log

Como uma amostra do peso do e-commerce, a Log assinou cinco contratos de galpões sob medida no período, a serem entregues nesse ano, em um total de 313,6 mil metros quadrados. Hoje, o setor “ocupa” cerca de 63% do portfólio da empresa, distribuído em 39 cidades, de 18 estados.

Com essa exposição, Fischer não enxerga uma queda na demanda gerada pelo setor no médio prazo. “Essa procura vai continuar”, diz. “À parte das incertezas macroeconômicas, estamos muito blindados e há espaço, inclusive, para uma nova revisão no nosso plano.”

Enquanto trabalha com essa perspectiva, a Log também avalia suas alternativas de recursos para acompanhar e financiar essa expansão. Com R$ 896,6 milhões em caixa, são três as opções na mesa: o próprio fluxo de caixa; a reciclagem e a venda de ativos do portfólio; e o acesso ao mercado de capitais.

Em 2021, a Log captou R$ 700 milhões em duas emissões de debêntures e, ao mesmo tempo, vendeu R$ 308 milhões em ativos, com destaque para um galpão em Extrema (MG), cujo desinvestimento envolveu R$ 272,2 milhões.

“Queremos manter, no mínimo, esse volume esse ano, mas o patamar ideal de venda de ativos que vamos buscar é algo mais próximo de R$ 500 milhões”, observa Fischer. “Agora, em termos de follow on envolvendo equity, não estou muito otimista para esse ano. De qualquer forma, temos um balanço saudável e outras opções para capitalizar a companhia.”

As ações da Log, que está avaliada em R$ 2,7 bilhões, fecharam o pregão desta terça-feira cotadas a R$ 27,24, com ligeira queda de 1,66%.