No início de novembro deste ano, quando captou R$ 270 milhões em uma rodada liderada pelo Fundo Soberano de Cingapura (GIC), a QI Tech deixou claro que uma boa parcela desse cheque seria reservada para aquisições. Passado pouco mais de um mês, a fintech está dando o primeiro passo nessa direção.

A empresa anuncia nesta quinta-feira, 23 de dezembro, a compra da Zaig, startup de São Paulo que desenvolve sistemas de onboarding e de prevenção de fraudes. O acordo, cujo valor não foi revelado, envolve pagamento em dinheiro e troca de ações.

Sócios da Zaig, Emilio Eduardo Tressoldi Moreira e Gabriel Scherer Schwening passam a ter participação na operação da QI Tech. Moreira, inclusive, é um “velho conhecido” da casa. O empreendedor foi um dos primeiros funcionários da fintech, que começou a ser estruturada em 2018.

“Nosso plano é ser uma one-stop-shop de crédito como serviço”, diz Pedro Mac Dowell, cofundador e CEO da QI Tech, ao NeoFeed. “Nós tínhamos quase tudo nesse pacote, menos essa esteira de cadastro e prevenção de fraudes, que são justamente o início do ciclo dos clientes na tomada de crédito.”

No mercado oficialmente desde 2019 e com mais de 100 clientes, a QI Tech fornece a infraestrutura por trás de ofertas de crédito de empresas de diferentes setores, entre elas, iFood, Geru e Vivo, operadora que usa esse motor no Vivo Money, seu serviço de empréstimos pessoais.

Com um volume de operações de R$ 4,5 bilhões em 2021, a fintech permite que essas companhias ofereçam diferentes modalidades de crédito a seus clientes. Dos empréstimos diretos ao financiamento automotivo e imobiliário. O portfólio inclui ainda produtos como conta, pagamentos e transferências.

Primeira aquisição da história da QI Tech, o acordo com a Zaig torna essa oferta mais ampla ao permitir que a fintech também ofereça as etapas de onboarding e autenticação dos candidatos à tomada de crédito.

Com esse portfólio e um time de 10 funcionários, a Zaig, fundada em 2019, atende uma base de 15 clientes, que inclui nomes como Unidas, Olist, Banco Bari e Nexoos. Essa carteira e a equipe da startup serão incorporadas, e a empresa passará a atuar com a marca da QI Tech.

“Além da nossa base, que já demandava essas soluções, temos a oportunidade de provocar parte dos clientes da Zaig para que lancem suas próprias ofertas de crédito”, diz Mac Dowell. “Ao mesmo tempo, a Zaig também vai nos ajudar a evoluir nossas áreas de análise de dados e motor de crédito.”

Capitalizada, a QI Tech já está se movimentando em busca de outras aquisições. “Com certeza, nós teremos ao menos dois anúncios até meados de 2022”, afirma Mac Dowell. “E isso pode passar, inclusive, por acordos com empresas até maiores do que a QI Tech.”

Uma das conversas em curso envolve o plano de oferecer serviços de administração e custódia de fundos de investimentos. Como parte dessa estratégia, em dezembro, a fintech entrou com um pedido junto ao Banco Central para atuar como distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM).

Outro foco de possíveis acordos são empresas que atuem com plataformas white label nos segmentos de crédito como serviço e banking as a service, mercados que estão cada vez mais atraindo concorrentes e investimentos.

Entre as empresas com essa proposta mais focadas em crédito, é possível citar nomes como a Focus Financeira, um spin-off da Focus Energia, e também a EasyCrédito, que tem a gestora Crescera Capital entre seus investidores.

Já no espaço de banking as a service, a lista inclui empresas como a Dock (ex-Conductor), apoiada por fundos como Temasek, e o FitBank, que tem o J.P. Morgan entre seus investidores. Além de bancos e companhias como BV, Original, Citi, HSBC, Magazine Luiza e Porto Seguro.