Jeff Bezos e Li Xiting têm pelo menos uma coisa em comum: os dois empresários ganharam dinheiro com a crise instaurada pelo novo coronavírus.

A paralisação da economia diante da imposição distanciamento social engordou em US$ 26,9 bilhões a fortuna do CEO da Amazon. Desde janeiro, Bezos viu seu patrimônio subir 23,2% e chegar ao atual patamar de US$ 142,5 bilhões.

Já o chinês Li Xiting, à frente da Mindray Bio-Medical Electronics, especializada em aparelhos hospitalares, ficou 47% mais rico do que era antes da pandemia.

O aumento da demanda por seus produtos, sobretudo os respiradores pulmonares, levou ao salto de quase 50% dos papéis da companhia. Com isso, Xiting acumula, desde o começo do ano, um crescimento de US$ 4,3 bilhões em sua fortuna, que agora está estimada em US$ 13,5 bilhões.

Isso significa que ele ganhou, em média, US$ 37,7 milhões a cada 24 horas. Ou mais de US$ 1 bilhão por mês desde janeiro.

Formado pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China, o executivo de 69 anos atuava na concorrente Anke antes de fundar, em 1991, a própria empresa na área da saúde. Hoje, a companhia produz mais de 300 produtos e os vende para 190 países, inclusive o Brasil. 

Enquanto 38 mil empresas chinesas pediram cadastramento para fabricar máscaras tipo cirúrgica, a Mindray se beneficia do fato de que ventiladores pulmonares são tecnicamente difíceis de se fabricar e altamente especializado.

Xiting acumula, desde o começo do ano, um crescimento de US$ 4,3 bilhões em sua fortuna, que agora está estimada em US$ 13,5 bilhões

Uma fonte citada pelo South China Morning Post disse que a companhia recebeu, apenas da Itália, um pedido de 10 mil respiradores. A Mindray não retornou à reportagem do NeoFeed, para comentar o caso. Não há informações também sobre o valor de cada máquina.

Por meio de um comunicado oficial, Xiting se limitou a declarar que ele e sua equipe "estão fazendo o melhor para aumentar a capacidade de produção, uma vez que seus produtos são cruciais para o diagnóstico e tratamento da Covid-19". Além dos respiradores, a companhia também trabalha com ultrassons e monitores de pacientes.

Até o dia 5 de abril, a Mindray disse que já havia doado US$ 4,6 milhões em aparelhos para hospitais em todo mundo, mas não revelou quais países ou cidades foram contemplados.

Enquanto experimenta o topo de seu desempenho histórico na bolsa, sendo avaliada em US$ 42,5 bilhões, a companhia acompanha de perto a discussão médica que acontece nos Estados Unidos e na Europa sobre a eficácia dos respiradores pulmonares no tratamento do Covid-19.

Na opinião de alguns médicos, há um uso excessivo dessas máquinas. Alguns pesquisadores trabalham com a possibilidade de que a intubação prematura dos pacientes diagnosticados com o novo coronavírus pode ser perigosa.

Relatórios da China, Itália e dos Estados Unidos apontam que menos da metade dos pacientes que foram submetidos aos ventiladores pulmonares se recuperaram. No Reino Unido, dois terços das pessoas intubadas morreram. 

Em Nova York, epicentro da doença em território americano, o cenário é ainda mais dramático: 80% dos pacientes com Covid-19 que receberam os respiradores pulmonares foram à óbito. 

Os médicos ponderam que esses aparelhos podem, de fato, salvar vidas, mas que eles devem ser usados como último recurso. 

A enfermeira Mary Lee Melder, que trabalha em um hospital em Hollywood, atendendo diretamente os infectados com o novo coronavírus, afirma que o tratamento dessa doença ainda é uma novidade.

"Os médicos começaram tratando a Covid-19 como uma pneumonia, mas o desenrolar dos quadros clínicos mostram que o approach tem que ser outro", falou ao NeoFeed.

Segundo a profissional, no hospital onde atua, a ordem já é apelar para o uso das máquinas apenas quando todas as outras alternativas forem esgotadas.

Cerca de 2,79 milhões de pessoas contraíram a doença no mundo todo, sendo que 196 mil foram à óbito. Nos Estados Unidos, são 911 mil confirmados e 51,5 mil mortes. 

Algumas reportagens sugerem que o preço de ventiladores possa variar entre US$ 12 mil e US$ 35 mil. Mas um acordo estabelecido entre a Philips e o governo americano previa o desenvolvimento de máquinas que custassem menos de US$ 3,3 mil cada. 

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