Há pelo menos cinco anos, um texto que circulou pela internet mostrava as transformações pela qual a economia passava por conta de uma série de empresas disruptivas que estavam virando de cabeça para baixo modelos de negócios estabelecidos ao redor do mundo.

O texto dizia que o Airbnb era a maior rede de hotéis do mundo sem ter um único quarto. Acrescentava que o Uber era a maior companhia de táxi do planeta sem ter um carro. E arrematava que a maior empresa de mídia do mundo não produzia uma única notícia sequer.

A última empresa era o Facebook. A rede social de Mark Zuckerberg, envolvida em uma série de escândalos por conta de problemas com privacidade, vai continuar sem produzir uma única notícia. Mas, pelo menos, parece que está disposta a pagar por elas.

O Facebok está negociando com companhias de mídia ABC News, Dow Jones, Washington Post e Bloomberg para lançar até o fim deste ano uma seção de notícias, informou o The Wall Street Journal.

De acordo com a publicação, o Facebook tem dito aos executivos dessas empresas de mídia que está disposto a pagar pelo menos US$ 3 milhões para ter o direito de licenciar artigos dessas organizações.

O acordo teria duração de três anos, mas não está claro se as empresas de mídia formalmente concordaram em licenciar seus conteúdos.

O Facebook, ao lado do Google, são as duas maiores de empresas de mídia do mundo, embora não admitam isso. Apesar de ambas não produzirem conteúdo, elas abocanham boa parte da verba publicitária online.

O Facebook e o Google ficaram com 60% de toda publicidade digital no ano passado nos EUA, segundo o eMarketer

Nos Estados Unidos, o Facebook e a Alphabet, holding que controla o Google, ficaram com 60% de toda publicidade digital no ano passado, segundo dados do eMarketer.

O Google está perto de atingir um patamar recorde em 2019. Será a primeira empresa a ultrapassar a receita de US$ 100 bilhões em venda de anúncios digitais, segundo outro estudo do eMarketer.

O Facebook, de acordo com o mesmo estudo, atingirá US$ 67,7 bilhões. Na sequência aparece mais uma empresa de tecnologia: o Alibaba, do chinês Jack Ma, com US$ 30,5 bilhões.

Juntos, os três gigantes vão representar 61,2% de todo o mercado de anúncios digitais em 2019, que deve somar US$ 327,2 bilhões, uma alta de 17,1%.

Uma pesquisa da News Media Alliance mostrou que o Google ganhou US$ 4,7 bilhões com o trabalho das empresas de mídia só nos Estados Unidos em 2018, por meio das buscas e do Google News.

Ao divulgar o estudo, a News Media Alliance alertou que seu cálculo da receita obtida pelo Google foi conservador. A entidade, por exemplo, não computou o valor dos dados pessoais que a companhia armazena dos consumidores cada vez que eles clicam em um artigo noticioso.

Em uma época em que as notícias falsas prosperam, o Facebook e o Google são ferramentas que ajudaram a proliferação das fakes news. Conteúdo de qualidade é um antídoto para a desinformação.

O Google e o Facebook não são os culpados pela crise da mídia, que sofre para fazer a transição para o modelo digital. Mas os dois gigantes globais ajudariam a criar um ecossistema mais saudável se os lucros com o conteúdo alheio fossem divididos com quem, a duras penas, o produz.

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