Bem-vindos a minha primeira coluna ESG na prática.

Meu objetivo é trazer mensalmente exemplos práticos, experiências nacionais e internacionais de pequenas, médias e grandes companhias, que a partir de uma dor ou desafio, se engajaram na sustentabilidade e buscaram soluções reais para aplicar no dia a dia dos negócios, das pessoas e contribuir com o planeta.

Trataremos das mais diversas cadeias e segmentos possíveis, mostrando que é possível perseguir caminhos rentáveis e ao mesmo tempo entender o impacto gerado dentro do negócio.

2023 vai ser um ano em que as estratégias ambientais, sociais e de governança estarão à frente dos negócios mais do que nunca. Pontos para ficarmos de olho não faltam. Confira quais são as três principais lições de nossa lista.

1 - Energia

A Guerra da Ucrânia trouxe mais visibilidade a esse tema sensível mundialmente. Junto com as metas de redução de combustíveis fóssil x metas climáticas, o avanço da tecnologia e maior facilidade nas permissões e regras governamentais, os resultados começam a aparecer.

No Brasil, geramos 205.668 GW, segundo a Aneel. Deste total, nossa principal matriz continua sendo a hídrica, com um total de 109,7 GW. Porém, o cenário nos últimos anos começou a mudar e há projeções da Bloomberg que, até 2050, a geração solar, que hoje representa 23,8 GW, ultrapassará a fonte hídrica.

O mercado de energia livre no Brasil vem crescendo ano a ano e permitirá a possibilidade do grande e médio consumidor, escolher de quem comprar energia e negociar, com um ou mais fornecedores, quantidade, preço, prazo e pagamento.

No mundo, o incremento de energia renovável em 2022 atingiu 352 GW, ante um resultado de 286 GW em 2021. Porém, o grande salto ainda está por vir, com a expansão tecnológica, suspensão de tarifas, ampliação de investimentos e regulações. A Agência Internacional de Energia estima que até 2025 a energia renovável seja a maior fonte de energia dentro do mix mundial de energia, superando o carvão.

Baterias

Assim como nos carros elétricos, as baterias ano a ano tem incremento de armazenamento e ajudam a sustentar esse crescimento das fontes renováveis. A expansão no armazenamento é fundamental para que metas climáticas sejam atingidas.

2 - Cadeia Produtiva

Após a Covid, um grande desafio logístico foi sentido e administrado por todos os países do mundo. Longas cadeias logísticas, fábricas com alta dúvidas sobre as condições humanas de trabalho e protecionismo governamental estão nas pautas das maiores companhias, o que nos impacta como consumidor em nosso dia a dia.

Não será um movimento rápido, mas, sem dúvida, teremos grandes mudanças. Nas mais diversas áreas, já vemos as movimentações governamentais. Recentemente, os Estados Unidos aprovaram um volume gigantesco de investimento na área de microchip e de semicondutores.

Em janeiro deste ano, EUA, Canadá e México assinaram acordo para ampliar a produção regional de semicondutores. No Brasil, além de já alimentar mais de 1 bilhão de pessoas, temos a possibilidade de nos beneficiar desse movimento e receber investimentos em diversas áreas.

3 - Transparência

Muitas marcas já entenderam que a sustentabilidade não deve ficar restrita a uma área e sim a companhia inteira, dita as tendências e cria reputação. Esse será um desafio permanente, que, bem aproveitado, pode criar e melhorar modelos de negócios.

Ao mesmo tempo, uma leva de consumidores mais engajados, está cada dia mais atento aos fatos e não apenas ações que não façam parte do core da empresa. Plantar uma árvore é legal, doar alimentos também, mas de onde vem sua embalagem? Como você otimiza sua logística? Com qual tipo de fornecedor você trabalha?

Li recentemente uma matéria que simboliza bem esse fato. A petroleira Exxon Mobil tinha pesquisas científicas desde 1977, confirmando que a Terra poderia aquecer cerca de 2 º C a cada década. Os cientistas da Exxon foram precisos na projeção, porém, a companhia ao longo desse mesmo tempo, fazia declarações públicas que contradiziam as conclusões de seus próprios cientistas.

Acredito que, hoje em dia, será cada vez mais difícil colocar os fatos embaixo do tapete.

* Diego Gomes é paulista, pai de três filhos e casado com a Raquel. Começou a vivenciar o tema sustentabilidade na prática em 1999, dentro do Banco Abn Amro. A partir de lá, criou duas empresas, a Coletiva – Mídia que Impacta de Verdade e a 100% Livre – Zero agrotóxicos + Sabor, que nasceram das teorias e práticas adquiridas durante sua trajetória.