Muitas empresas e profissionais têm na sua estratégia a destruição dos competidores, alguns falam até em aniquilação, como sinônimo de sucesso ou de realização de objetivos. Parece haver aí um grande erro de propósito. Competir, vem do latim, e significa empenhar-se junto. Nada a ver com o fato de o outro perder.

Existem algumas questões ilógicas em querer o fim do concorrente. A primeira, fácil de perceber, é que sua carreira e seu sucesso vem dos clientes, mas boa parte do seu emprego e do seu salário vem dos concorrentes. Muito simples: se não há competidor, por que você merece ganhar um bônus, já que os clientes não têm para onde ir?

E o fim do competidor é um sonho utópico, pois não existe espaço vazio. Sempre vai haver alguém querendo competir, alguém querendo ocupar um lugar, mais ainda se a competição estiver baixa.

E não existe na história dos negócios nenhuma empresa sustentável que fez sua estratégia baseada no fracasso do concorrente. Já vi algumas empresas celebrando a desgraça dos outros, para logo em seguida, nas voltas que o mundo dá, se juntar ao mesmo triste final. Até porque, se o que você quer conquistar depende do fracasso dos outros, você é um “vice” fracassado.

Claro, até aqui parece lógico, mas vamos para a beleza da vida. A sua obrigação, individual ou coletiva, como gestor, não é ser melhor que os outros. É ser sempre, todo dia, obstinadamente melhor do que você mesmo. Isso é o único caminho de sustentação.

Faz sentido olhar os competidores e fazer benchmark, mas como fator desafiador do seu aprimoramento. Afinal, se seu competidor estiver piorando, você não precisa fazer nada para se tornar melhor do que ele, basta não piorar também. Mas aí você está entregando sua vida, carreira e sucesso para os outros. Vai virar merecidamente uma lesma empresarial.

Também não cola a história de que seu negócio não progride por conta da competição. Toda vez que um gestor justifica que não está entregando as metas por conta da competição, na prática ele está plantando a semente do fim. Levanta a cabeça e vai melhorar! Nas palavras do jogador e treinador de basquete americano John Wooden: “ninguém pode ser considerado um fracassado enquanto não começar a culpar os outros.”

Toda vez que um gestor justifica que não está entregando as metas por conta da competição, na prática ele está plantando a semente do fim

Você é o responsável pelo seu progresso. E o seu progresso é responsável pelo seu sucesso. E o seu maior sucesso é ser melhor do que você mesmo. Existem muitas maneiras de se desenvolver, não há desculpas para a paralisia. Uma das melhores é competir com sua própria criatividade, com seu próprio limite, com sua capacidade de aprimorar suas capacidades. Mas se lembre da humildade e de compartilhar as conquistas, pois é por isso que em todo pódio sobem três vencedores.

As pessoas mais admiráveis do universo são aquelas que acreditam que sempre se pode melhorar, em qualquer estágio da vida. Veja o que escreveu Hokusai (1760-1849), pintor japonês, já depois dos 70 anos, uma super longevidade para a época:

“Desde os seis anos tenho a mania de desenhar a forma das coisas. Aos 50 anos publiquei uma infinidade de desenhos. Mas tudo que produzi antes dos 70 não é digno de ser levado em conta. Aos 73, aprendi um pouco sobre a verdadeira estrutura da natureza dos animais, plantas, pássaros, peixes e insetos. Com certeza, quando tiver 80 anos, terei realizados mais progressos, aos 90 penetrarei no mistério das coisas, aos 100, por certo, terei atingido uma fase maravilhosa e, quando tiver 110 anos, qualquer coisa que fizer, seja um ponto, seja uma linha, terá vida.”

Incrível! Se é para crescer, gaste mais energia com você mesmo. Ouvi por aí que se fosse para olhar para fora o tempo todo, Deus não teria te dado pálpebras. Enquanto compete contra outros, muitos estão contra você. Mas quando você está tentando ser cada vez melhor que si próprio, toda a energia positiva do mundo está a seu favor.

Observação importante. O texto de Hokusai foi extraído do lindo livro de Rubem Alves Se eu pudesse viver minha vida novamente...

*Leonel Andrade foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Também faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

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