As startups de veículos elétricos estavam com as "baterias" carregadas 100% há alguns anos, quando captaram muitos recursos e conseguiram abrir o capital nos Estados Unidos.

Agora, muitas estão focadas em sua sobrevivência, segundo uma análise feita pelo jornal econômico americano The Wall Street Journal (WSJ), baseado nas informações públicas dessas companhias.

Pelo menos 18 startups de carros elétricos ou empresas de baterias que abriram o capital nos últimos anos nos Estados Unidos correm o risco de ficar sem dinheiro até o fim de 2024.

Entre as fabricantes de carros elétricos que correm risco de acabar a "bateria" estão a Nikola, que atraiu os investidores com promessas ousadas de transformar a indústria e combater as mudanças climáticas com seus caminhões e SUVs elétricos.

Três empresas – Lordstown, Proterra e Electric Last Mile Solutions – pediram proteção à falência. A fabricante de baterias Romeo Power e a empresa de carregamento Volta foram vendidas por uma fração de suas avaliações quando abriram o capital. As demais dizem que estão trabalhando para reduzir custos.

A análise do WSJ diz que as ações dessas empresas tiveram uma queda média de 80% desde que estrearam no mercado de capitais – e se o levantamento levasse em consideração o pico das ações, o tombo seria ainda maior.

Quase todas as empresas abriram o capital através de Special-purpose acquisition company (SPACs), veículos conhecidos como “empresas de cheque em branco”, pois primeiro captam recursos para depois encontrar um alvo para investir.

Essas startups contavam com o avanço da demanda de veículos elétricos. Mas ela não explodiu como muitos analistas e investidores previram. E mesmo companhias consolidadas, como a Tesla, assim como as fabricantes tradicionais, a exemplo de GM, Ford e Volkswagen, estão reduzindo preços e reavaliando seus planos.

A Tesla, que hoje é uma das principais companhias de carros elétricos do mundo, também quase faliu há cinco anos. Na época, Elon Musk, o CEO da fabricante, chamou “inferno da produção”, pela dificuldade de produzir em massa seus veículos.

O WSJ identificou 43 empresas que abriram o capital entre 2020 e 2022. Cinco delas faliram ou foram adquiridas. Nas 38 restantes, o jornal comparou o fluxo de caixa operacional de cada empresa com seu caixa e investimentos de curto prazo, usando as informações mais recentes das companhias.

A análise revelou que 18 empresas estavam a caminho de ficar sem dinheiro até o fim de 2024 se não cortassem custos ou levantassem novo capital. Destas, sete deles tinham apenas semanas de dinheiro em mãos.

Procuradas pelo WSJ, diversas empresas afirmaram que captaram ou estão planejando novos financiamentos e que estão cortando custos enquanto trabalham para impulsionar as vendas.

Dezesseis tinham dinheiro suficiente para continuar operando além de 2024, embora as dificuldades para aumentar as vendas estejam pressionando muitos dos preços de suas ações.

Entre elas estava a Rivian Automotive, que produz picapes que custam cerca de US$ 80 mil, e Lucid, que fabrica sedãs de luxo com preços semelhantes.

Apenas quatro das empresas estavam gerando caixa com as operações. Entre elas, a Li-Cycle Holdings, que recicla baterias velhas em carros elétricos. Mas até ela enfrenta problemas e citou recentemente o aumento dos custos para interromper a construção de sua primeira grande instalação em Rochester, nos EUA.