Os bancos digitais brasileiros definitivamente entraram no celular dos brasileiros e se tornaram uma alternativa aos grandes bancos, que dominaram com folga o mercado financeiro por décadas.
Com uma tese baseada em simplicidade e tarifas mais baratas, as fintechs cresceram fortemente em mais de uma década. Isso fica claro na quantidade de downloads de aplicativos acumulados desde 2012. No ano passado, os apps alcançaram a expressiva marca de 1 bilhão de downloads, segundo levantamento do Bank of America (BofA) sobre a evolução das fintechs.
O BofA, que realiza a pesquisa sobre esse mercado desde 2012, revelou também que a quantidade de usuários ativos dos bancos digitais triplicou nos últimos cinco anos, para 180 milhões de pessoas. Trata-se de quase 80% da população brasileira, mostrando que as instituições ajudaram no processo de bancarização da população.
Dentre as centenas de neobancos que surgiram na última década, quem se destaca é o Nubank. Com uma base de 58 milhões de usuários ativos, a instituição fundada por David Vélez concentra quase um terço das pessoas com contas em fintechs, quase 2,5 vezes mais que o segundo colocado, o PicPay.
O levantamento do banco americano revela que o Nubank adiciona quase 10 milhões de usuários ativos por mês à sua base desde 2019. “O crescimento do Nubank é apoiado pelo fato de o banco liderar o número de downloads nos últimos três anos”, diz trecho do relatório do banco.
Com isso, o Nubank acumulou desde 2012 uma base de 161,5 milhões downloads. Em seguida aparecem PicPay (116,1 milhões), Mercado Pago (87,8 milhões), PagBank (71,4 milhões) e Inter (63,9 milhões). De acordo com o levantamento, os cinco principais nomes responderam por 70% dos clientes do universo de bancos digitais, acima dos 60% vistos em 2021.
Mas, apesar de terem conquistado a população, o BofA aponta para uma saturação no mercado de bancos digitais, algo que já tinha sido constatado pelo levantamento em julho.
A constatação vem do fato de o número de usuários ativos de bancos digitais ter estagnado em 180 milhões a partir de 2022. O levantamento também apurou que o número de downloads de aplicativos tem recuado desde que atingiu o pico em 2021, quando somou 250 milhões. No ano passado, o número de downloads atingiu 160 milhões.
Para o BofA, três fatores explicam a queda: o endurecimento das regras de mercado pelo Banco Central, ao exigir reservas de capital maiores; o aperto monetário praticado entre 2021 e 2022, o que pressionou os custos de financiamento; e, por fim, o aumento da competição no mercado.
Diante dessa situação, a expectativa do BofA é de um início de um movimento de consolidação dentro da indústria, além de uma intensificação da competição. O último fator pode ser um problema dependendo de como ocorrer, uma vez que a ordem agora em muitos dos neobancos é buscar rentabilidade em vez de crescer rapidamente.