O BTG Pactual acaba de dar mais um passo para se tornar um dos maiores players de real estate em Portugal. O banco assinou a compra do hotel The Oitavos, um cinco estrelas com 142 quartos, localizado em uma das áreas mais cobiçadas de Cascais, em um negócio de 160 milhões de euros entre a aquisição e o retrofit.
Agora, somando o hotel Eden Estoril, adquirido em 2022, e os shoppings Tavira Plaza e Torre, comprados no ano passado em parceria com Renato Rique, o BTG totaliza propriedades de 500 milhões de euros em Portugal. “E estamos olhando mais ativos no país e também na Espanha”, diz ao NeoFeed, Michel Wurman, o sócio responsável pela área de real estate do BTG Pactual.
A aquisição do The Oitavos, revelada com exclusividade ao NeoFeed, foi feita por meio de um fundo específico que levantou US$ 100 milhões entre clientes do banco que vivem na Europa e nos Estados Unidos. As três famílias mais ricas de Portugal, por exemplo, entraram no deal.
“Cinquenta por cento dos investidores são brasileiros, quarenta por cento são europeus e 10% são americanos”, diz Ricardo Borgerth, sócio e head de wealth management do BTG na Europa. A compra do The Oitavos, considerado um trophy asset pelos portugueses, foi um negócio oportunístico.
O BTG adquiriu créditos bancários e assumiu a propriedade criada pela família Champalimaud, uma das mais tradicionais de Portugal. Lançado em 2010, o The Oitavos é, relativamente, novo. “Mas não é bem operado”, diz Rui Ruivo, sócio do BTG na Europa.
A ideia do banco é mudar o empreendimento que tem vista para o mar e um dos principais campos de golfe do país. Será uma mescla de hotel com residências de alto luxo.
Se hoje tem 142 quartos, o The Oitavos sob a batuta do BTG terá 80 suítes e 40 residências com, em média, 200 metros quadrados que custarão entre 2,5 milhões de euros e 8 milhões de euros. Detalhe: a casa do craque Cristiano Ronaldo fica a poucos metros do empreendimento.
As obras deverão começar em breve e o arquiteto escolhido para tocar o projeto é o português Miguel Saraiva, um dos mais badalados do país. Estima-se que o projeto ficará pronto em três anos e em um prazo de 5 anos o BTG planeja vender o ativo. “Deverá entregar uma rentabilidade anual de cerca de 20%”, diz Wurman.
A fórmula adotada pelo BTG no The Oitavos é a mesma empregada no Eden Hotel Estoril. Em 2022, o banco levantou um fundo de 40 milhões de euros e comprou o hotel para reformar. Além das suítes, criou 30 residências para serem vendidas. As obras começam no próximo mês e terão a assinatura do designer francês Philippe Starck.
Wurman explica que 90% dos apartamentos residenciais do Eden já foram vendidos, num total de Valor Geral de Vendas (VGV) de 130 milhões de euros. “Já é um dos metros quadrados mais caros de Portugal, batendo em 23 mil euros”, diz o head de real estate do banco. No Eden, o BTG fechou com uma bandeira do grupo Intercontinental para operar.
No caso do The Oitavos, o BTG ainda está negociando com bandeiras hoteleiras que possam tomar conta do dia a dia. E nos dois empreendimentos o banco resolveu entrar em sociedade com empresários locais. Se no Eden o sócio é o incorporador Luis Godinho Lopes, no The Oitavos os sócios são Nuno Horta e Costa e Paulo Carapuça.
Com quatro anos de operação no Velho Continente, o BTG já tem 5 bilhões de euros sob gestão na região. Depois de Portugal, abriu escritório em Madri, capital da Espanha, wealth em Londres e comprou o banco FIS Privatbank, de Luxemburgo, em um negócio de 21,3 milhões de euros.
Inicialmente, o negócio era ir para a Europa e acompanhar o fluxo migratório de clientes latino-americanos, principalmente, os brasileiros. Mas, aos poucos, a operação está ganhando muito mais corpo. “O banco em Luxemburgo já conta com 50 pessoas, podemos fazer custódia, crédito, cross border loan. Estamos levando o nosso DNA, a nossa cultura para o exterior”, diz Borgerth.