Dona de um portfólio amplo de marcas de food service, a IMC vem deixando claro ao mercado que seus esforços e investimentos estão cada vez mais centrados um cardápio mais restrito, formado pela rede Frango Assado e pelas operações locais do Pizza Hut e do KFC.
Em linha com esse apetite mais “comedido”, o grupo está se desfazendo de uma das bandeiras que não integram esse seleto trio. A empresa anunciou na noite desta quarta-feira, 23 de agosto, a venda da operação da Olive Garden, de culinária italiana, em um negócio de R$ 45 milhões.
A transação foi fechada com a Wow Restaurantes, que tem como sócio Jerônimo Junior, empresário conhecido no setor e que já esteve à frente de restaurantes como o Villa Florida, no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo.
“Ao longo da sua história, a IMC construiu uma operação com muitas marcas e poucas sinergias entre si”, afirma Rafael Bossolani, CFO e diretor de relações com investidores da IMC, ao NeoFeed. “Agora, nossa agenda é de simplificação e esse acordo é mais um passo em direção a essa tese.”
O executivo ressalta que, apesar das boas margens, a Olive Garden tem um potencial de crescimento mais limitado em relação às outras marcas foco. A rede tem seis lojas no País, sendo duas em São Paulo, duas no Aeroporto Internacional de Guarulhos e uma em Campinas (SP), no Parque D. Pedro Shopping.
Com a venda do ativo, a IMC reforça a conta de uma orientação que começou a ganhar força em abril de 2021, quando Alexandre Santoro assumiu como CEO da operação. Para recuperar o grupo, bastante afetado pelo primeiro ano da pandemia, seu foco inicial foi a eficiência e o corte de custos.
Parte dessa estratégia, a escolha por Frango Assado, Pizza Hut e KFC como prioridades só alimentou os rumores sobre a venda das demais marcas do portfólio, um pacote que inclui ainda bandeiras como Viena, Batata Inglesa e Brunella.
Bossolani observa que há espaço para mais desinvestimentos. “Se fizer sentido econômico e estratégico para a companhia, vamos avaliar. Podemos ter algo mais pela frente”, afirma o executivo.
Essa agenda teve início, porém, com marcas e operações que a companhia mantinha no Brasil. No segundo semestre de 2022, a empresa vendeu suas operações no Panamá, por meio de duas transações que somaram US$ 42,1 milhões.
Em março deste ano, na sequência dessa estratégia para reforçar o caixa e equacionar o endividamento da operação, a IMC concluiu uma emissão de debêntures não conversíveis na qual levantou R$ 200 milhões.
Na esteira dessas medidas, a companhia fechou o segundo trimestre de 2023 com uma posição de caixa total de R$ 184,7 milhões e uma dívida líquida de R$ 336 milhões. Já a alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda ficou em 2 vezes, contra 2,7 vezes, um ano antes.
Ao mesmo tempo, esse índice ficou abaixo do patamar de 3 vezes dos covenants firmado em emissões anteriores de debêntures e mantidos na última emissão, há cinco meses.
“Temos resultados crescentes há nove trimestres consecutivos, tanto em top line quanto no botton line”, observa Bossolani, ressaltando que a empresa tem sido bastante “consistente, diligente e disciplinada” na execução e entregando o que “prometeu ao mercado”.
Entretanto, o mercado parece ainda não ter digerido totalmente essa estratégia, apesar da alta de 4,17% registrada pelas ações do grupo no pregão de hoje. Em 2023, os papéis acumulam uma desvalorização de 22,1%. Nas últimas 52 semanas, porém, eles registram alta de 12%. A IMC está avaliada em R$ 654,4 milhões.