Num dia em que o Ibovespa registra queda após ter batido recorde no pregão de quarta-feira, 28 de agosto, as ações da Gerdau se descolaram do mau humor dos mercados, beneficiadas com a perspectiva da chegada de um valor bilionário oriundo de depósitos judiciais e reforço na visão positiva da tese de investimento, esta vinda do Goldman Sachs.

Por volta das 13h15, as ações preferenciais (GGBR4) da Gerdau subiam 2,33%, a R$ 18,48. Já o Ibovespa recuava 0,90%, aos 136.104 pontos.

No dia anterior, após o fechamento do mercado, a Gerdau informou que a controladora Gerdau Aços Longos conseguiu recuperar R$ 1,77 bilhão em depósitos judiciais ligados ao processo que versava sobre a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e Cofins, determinada em 2017 pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Por conta dessa decisão, a companhia parou de fazer os pagamentos e começou a entrar com recursos para conseguir a devolução dos valores pagos até então.

No fato relevante em que anunciou a recuperação dos valores, a Gerdau informou também que ingressará com Pedido de Habilitação de Crédito junto à Receita Federal, para a compensação de crédito tributário decorrente de pagamento indevido, no valor de R$ 786 milhões.

O recebimento dos valores representa uma surpresa aos investidores, que não contemplavam a devolução dos valores ainda neste ano, segundo comentário da Ativa Investimentos. “O valor representa cerca de 5% do market cap da companhia no fechamento de ontem”, diz trecho do comentário. A valor de mercado da Gerdau é de R$ 37,4 bilhões.

O Goldman Sachs avalia que a chegada desses recursos aumentam as chances de aprovação de programas de recompra de ações e potencializa a capacidade de pagamento de dividendos da empresa.

Essa injeção de dinheiro vem no momento em que a maioria dos analistas apresenta otimismo com as perspectivas da Gerdau. Junto com o comentário sobre os recursos recebidos, os analistas do Goldman Sachs reiteraram a recomendação de compra das ações da empresa, com preço-alvo de R$ 25, afirmando que o desempenho das ações não reflete os fundamentos da companhia.

Segundo Marcio Farid, Gabriel Simões e Henrique Marques, desde maio os papéis vêm tendo um desempenho fraco, acumulando queda de 3,6%. No ano, o recuo chega a 6,4%.

Eles avaliam que a performance das ações vem sendo prejudicada pelo pessimismo com o mercado de siderurgia da China, onde o governo está incentivando as exportações, mesmo que às custas de uma rentabilidade negativa, e preocupações com pressões na rentabilidade das operações da Gerdau na América do Norte.

Sobre as atividades na América do Norte, os analistas do Goldman Sachs destacam que as margens já se provaram resilientes ao longo dos anos, pelo fato de a Gerdau operar em um mercado mais de nicho, de aço voltado para infraestrutura. Esse tipo de produto vem sendo beneficiado pelos incentivos dados pelo governo dos Estados Unidos para obras de infraestrutura.

Os analistas do Goldman Sachs afirmam ainda que as operações da Gerdau na América do Norte estão “significativamente subavaliadas”, mesmo representando quase 50% do Ebitda da companhia. “Uma reprecificação das operações norte-americanas, com equivalência [de múltiplos] com seus pares americanos, agregaria 34% em valor de mercado”, diz trecho do relatório.

No caso das operações brasileiras, o relatório do Goldman Sachs aponta que as margens tem melhorado com a combinação de melhores preços internos, graças às tarifas para importação e desvalorização do real, junto com a queda dos custos, com a empresa implementando medidas de otimização operacional.