O desempenho da Weg no terceiro trimestre ligou o sinal amarelo entre os investidores. Mesmo registrando o maior lucro para o período, a “queridinha do mercado” viu suas ações despencarem mais de 10% em 25 de outubro, quando apresentou o balanço ao mercado, em meio a sinais de desaceleração, em especial do mercado interno e da valorização do real frente ao dólar.
Alguns investidores passaram a questionar se o momento da Weg passou, considerando a expectativa de desaceleração de receitas no segundo semestre. A dúvida é se as dificuldades são apenas momentâneas ou representam algo permanente, até estrutural.
Para o Itaú BBA, o momento da Weg é cíclico e suas perspectivas de longo prazo são positivas. Para o curto e médio prazo, porém, as expectativas dos analistas Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Luiz Capistrano vão na direção oposta.
“Nós esperamos que esta tendência de resultados fracos permaneça nos próximos trimestres e, potencialmente, até o final de 2024, por conta da baixa demanda, queda de margens, impostos maiores e valorização do real frente ao dólar”, diz trecho do relatório. O Itaú BBA manteve a recomendação para as ações em neutro e o preço-alvo em R$ 38,50.
A estimativa do banco para o lucro por ação da Weg está 12% abaixo da média do mercado, e os analistas veem espaço para o consenso recuar ainda mais. A cautela vem da leitura de que a demanda interna, especialmente para a área de geração solar distribuída, não deve se recuperar tão cedo e a queda do dólar deve reduzir os ganhos com as operações no exterior.
Eles estimam ainda que as margens devem continuar caindo nos próximos trimestre, até o quarto trimestre de 2024, com o menor repasse de custos das matérias-primas, afetando os preços dos produtos vendidos. Entre o segundo e o terceiro trimestres, a margem Ebitda da Weg recuou 0,9 ponto percentual, para 21,5%.
“Destacamos que, conforme informou a administração, a menor margem Ebitda no terceiro trimestre ainda não foi afetada pelos menores preços de venda, indicando um potencial de forte queda nos próximos trimestres, quando os preços forem ajustados”, diz trecho do relatório.
Os analistas do Itaú BBA afirmam também que a compra da operação de motores e geradores da Regal Rexnord não deve ajudar o desempenho da Weg neste primeiro momento. Anunciada em setembro, a aquisição de US$ 400 milhões deve ser, no mínimo, neutra para a Weg, por conta dos custos envolvidos.
“Assumindo que a Regal será consolidada no segundo trimestre de 2024, ela deveria adicionar cerca de R$ 2 bilhões em receita líquida em 2024 e R$ 100 milhões no resultado”, diz trecho do relatório. “No entanto, a Weg pagará um EV de R$ 2 bilhões, resultando numa piora de R$ 120 milhões na linha financeira.”
Mesmo com as ações acumulando queda de 8,2% no mês e 14% no ano, os analistas do Itaú BBA avaliam que a ação permanece cara, considerando que o P/E para 2024 está em 28 vezes, 30% acima do prêmio histórico para nomes locais e internacionais de alta qualidade.
“Um valuation tão alto não está vindo acompanhado de expectativas de crescimento maiores”, diz trecho do relatório. “Nós preferimos esperar por um ponto de entrada melhor, via valuation ou desempenho.”
Por volta das 13h45, as ações da Weg subiam 2,60%, a R$ 33,14. O valor de mercado da companhia soma R$ 138,2 bilhões.