O mercado imobiliário de luxo tem duas possibilidades: construir onde tem espaço ou reformar onde não tem. Marcus Grigoletto e Gustavo Saraiva, dois fundadores da Loft, apostaram na segunda opção ao criarem a Dupllex. Mais especificamente em transformar coberturas antigas em bairros valorizados em unidades modernas e luxuosas.
Fundada no começo de 2023, a dupla de empreendedores percebeu o aumento da procura por coberturas - imóveis amplos localizados no topo do edifício com uma área externa - no pós-pandemia. As coberturas podem ser do tipo linear, duplex, triplex ou penthouse.
O modelo de negócio é comprar unidades antigas que possuam em bairros valorizados e transformá-las em algo atrativo com uma reforma personalizada, realizando um retrofit focado no residencial de luxo.
“Há coberturas que não tem área externa e nós a criamos. Ou que a área externa não é integrada a interna e nós planejamos isso, vendo o melhor lugar para instalar a piscina, espaço gourmet e valorizar a vista do apartamento, por exemplo”, afirma Saraiva, ao NeoFeed.
Segundo ele, após a repaginação, o imóvel dobra de valor de mercado e ganha liquidez, com unidades sendo vendidas em estágio final de obras. O alvo são coberturas com entre 300 m² e 500 m² que chegam a um tíquete médio de venda de R$ 8 milhões a 12 milhões.
Mais de três mil unidades já foram rastreadas com esse potencial na capital paulista, utilizando cruzamento de dados da prefeitura e também uma rede de contatos de corretores do mercado de luxo parceiro que buscam vendedores para esses imóveis, muitas vezes encalhados. Mostrando que há um mercado bilionário em potencial.
E o público-alvo são pessoas de grandes fortunas que precisam morar em grandes capitais, mas querem ter privacidade e contato com a natureza – e do qual a taxa de juros e o momento macroeconômico do país não influenciam na sua decisão de compra.
Neste ano, a Dupllex está concluindo a reforma de oito imóveis em São Paulo, o que movimentou R$ 60 milhões em VGV (Valor Geral de Vendas). Em 2024, o objetivo é chegar a mais bairros na capital paulista e entrar no Rio de Janeiro, reformando de 10 a 12 novas unidades e chegar a R$ 90 milhões em VGV.
“Esse modelo funciona em bairros antigos que não tem espaço para novos empreendimentos e que tenham uma localização e vista diferenciada", afirma Grigoletto. "Vendo como isso já funcionou em São Paulo, estamos muito empolgados em começar em Ipanema e Leblon, os metros quadrados mais caros do país.”
Esse não é o primeiro negócio de Grigoletto e Saraiva. Os dois já empreenderam em três empresas do ramo: em uma construtora, em uma retrofit (Maison São Paulo) e na Loft, onde trabalharam na área de compra e reforma de imóveis. Juntos eles supervisionaram cerca de duas mil obras e fizeram grandes contatos na indústria.
A estratégia da Dupllex, em certo sentido, é muito parecida com o começo da Loft, em que comprava e reformava imóveis. Aos poucos, a própria startup foi mudando seu modelo de negócio com a criação de um marketplace.
Além disso, entrou na área de financiamento com a compra da CrediHome e da CredPago, ambas em 2021. A primeira atua com financiamento e home equity. A segunda com garantia locatícia.
“Não queremos outra Loft, que chegou a fazer 470 obras simultâneas, porque queremos continuar na proposta de luxo. Mas existe um meio no caminho que iremos buscar”, diz Grigoletto.