A Simetrik, startup colombiana de soluções para controle financeiro, anunciou nesta quarta-feira, 4 de junho, que levantou mais US$ 30 milhões (cerca de R$ 170 milhões) em uma extensão da rodada Série B liderada pelo Goldman Sachs.
Esse é o segundo cheque feito pela área de growth equity do Goldman Sachs na Simetrik. Em fevereiro do ano passado, o banco americano liderou também um investimento de US$ 55 milhões na startup colombiana. Em ambos os aportes, o valuation não foi revelado.
“Estamos crescendo de forma robusta e estável na América Latina e começamos a expandir internacionalmente e também dentro dos países em que atuamos”, diz Santiago Gómez, co-fundador e COO da Simetrik, ao NeoFeed. “Esta rodada é focada nos nossos principais mercados, que são os Estados Unidos e o Brasil.”
Os recursos do Goldman Sachs servirão principalmente para acelerar sua expansão internacional, com o Brasil tendo papel fundamental nos planos da companhia.
Fundada em 2019 por Gomez e Alejandro Casas, a Simetrik trouxe sua plataforma de conciliação e automação de processos contábeis e de transações ao País em agosto de 2024, puxada por clientes que tinha em outros países, como Rappi, Mercado Livre e Oxxo, ainda que trabalhasse com companhias brasileiras desde sua origem.
O foco da Simetrik são grandes empresas, com receita na casa dos US$ 150 milhões, identificando inconsistências e anormalidades nos processos contábeis, gerando relatórios diários para prevenção de fraudes. A companhia também tem fechado acordos com empresas com faturamento menor, mas que lidam com alto volume de dados e transações, ou são bastante reguladas. Com isto, agregou fintechs a sua base de clientes
Desde sua chegada ao Brasil, a operação da Simetrik ganhou escala, com a empresa abrindo um escritório em São Paulo. A startup conta atualmente com 30 funcionários e 23 clientes no País, conseguindo conquistar nomes locais nos últimos anos, como Dock, Neon e Hotmart. A companhia conta com um portfólio total de 103 clientes globalmente.
“Conhecemos o mercado brasileiro pelos nossos clientes estrangeiros, mas o que estávamos resolvendo para eles representava uma necessidade local”, afirma Gomez, citando o desafio para as empresas de conciliação de pagamentos feitos via Pix.
A expectativa é de que o Brasil represente metade do faturamento da Simetrik na América Latina e uma “fatia relevante” da receita total, que no ano passado somou mais de US$ 20 milhões, segundo Gómez, mais que o dobro do ano anterior. Sobre perspectiva de breakeven e lucro, a empresa diz que não fornece previsões para nenhum mercado.
A projeção da Simetrik para 2025 é de obter uma receita entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões. Para isto, conquistar clientes brasileiros é fundamental, o que justifica investir na expansão da operação local. “O Brasil é o maior mercado da América Latina e onde as principais oportunidades para a Simetrik estão neste momento”, afirma.
Nos Estados Unidos, segunda frente do plano de expansão, a Simetrik conta com dez pessoas e cinco clientes. Ao contrário do que ocorreu no Brasil, a expansão no mercado americano não é puxada pelos atuais clientes da Simetrik, com a companhia abordando empresas locais diretamente. Para isso, pretende aumentar a equipe comercial local.
“Estamos para assinar novos acordos. É um mercado novo, mas vindo da América Latina, em que existe muita complexidade, conseguimos criar uma das ferramentas mais flexíveis que existem, o que nos deve ajudar a crescer”, diz Gomez.
Fora Brasil e Estados Unidos, a Simetrik está começando a explorar o mercado da Índia, abrindo uma representação no país. A startup processa informações em 40 países na América Latina e no mundo, com 1 bilhão de transações conciliadas por dia.
Junto com o fortalecimento das operações no Brasil e nos Estados Unidos e na exploração de outros mercados, a Simetrik vai utilizar parte dos recursos para trazer ainda mais recursos de inteligência artificial (IA) à plataforma. “Já trabalhamos com IA há um tempo e começamos agora a trabalhar com agentes de IA, para fortalecer a automação e a operação”, diz Gomez.
A ambição global começou a ser desenhada em 2022, quando a Simetrik captou US$ 24 milhões em uma rodada Série A liderada pelo fundo de venture capital americano Fintech Collective. As gestoras Tiger Global e Moore Capital também investiram no negócio, assim como a brasileira Monashees, que investiu anteriormente na empresa.
O plano de expansão e investimentos visam consolidar o nome da Simetrik como plataforma de conciliação financeira das empresas, um mercado que, segundo Gómez, foi deixado de lado nos últimos anos.
No Brasil, uma empresa tida como concorrente é a ContaAzul, companhia de gestão financeira que entre os investidores estão a Monashees e a Tiger Global. No exterior, um potencial competidor é a americana BlackLine, que possui clientes como eBay, Philips e Zendesk.
Gómez entende que existem muitas companhias com soluções similares, mas com atuação focada em determinadas indústrias e em certos processos, sem a flexibilidade e amplitude de atuação da plataforma da Simetrik.
“Vemos muitas companhias chegando ao mercado e falando dessa questão de conciliação, mas não necessariamente fazem o que fazemos”, diz Gómez. “Para nós, o aumento da concorrência é uma grande validação daquilo em que estivemos trabalhando nos últimos anos.”