Warren Buffett é conhecido por sua resistência em investir em empresas de tecnologia. Mas foi uma das suas raras apostas no setor que fizeram com que sua fortuna estimada em US$ 134 bilhões ganhasse mais alguns bons dígitos nos últimos três meses.

Nesse intervalo, as ações da Apple cumpriram um intenso rali com uma valorização de 25% na Nasdaq. A alta levou o papel da companhia ao patamar recorde de US$ 214,24 na quinta-feira, 13 de junho. E turbinou os retornos da Berkshire Hathaway, gestora do megainvestidor americano.

Com essa disparada, a Berkshire Hathaway viu sua fatia de 5,1% na empresa da maçã alcançar o patamar de US$ 169 bilhões. Para se ter uma dimensão dessa cifra, o montante supera o valuation de mais de 450 companhias do S&P 500, de acordo com o Business Insider.

Levando-se em conta o pregão da quinta-feira, a participação da gestora na Apple ultrapassa o valor de mercado de empresas como Verizon (US$ 167 bilhões), American Express (US$ 160 bilhões), IBM (US$ 155 bilhões), Uber (US$ 148 bilhões) e Nike (US$ 142 bilhões).

Em menos de três meses, a fatia da Berkshire Hathaway foi valorizada em US$ 34 bilhões. No fim de março, a gestora tinha cerca de 790 milhões de ações da Apple, avaliadas, na época, em US$ 135 bilhões.

O fato é que esse retorno poderia ter sido ainda maior, dado que, no primeiro trimestre, a gestora do Oráculo de Omaha reduziu em 13% a sua participação na empresa liderada por Tim Cook. Caso tivesse mantido essa fatia, ela estaria avaliada agora em US$ 194 bilhões.

Mesmo com essa redução, a fatia detida na Apple respondeu, no período, por mais de 40% do portfólio de ações da Berkshire Hathaway. E equivale a 19,2% do valor de mercado de US$ 876 bilhões da gestora no pregão de ontem.

Em maio deste ano, durante a reunião anual da Berkshire Hathaway, Buffett explicou que a gestora diminuiu sua participação na Apple com a intenção de realizar parte de seus lucros. O passo seria uma antecipação ao aumento de impostos do governo dos Estados Unidos.

A escalada dos papéis da Apple foi impulsionada por anúncios feitos pela companhia no início desta semana. As novidades estão conectadas aos planos da empresa na esteira do hype em torno da inteligência artificial.

O novo pacote da Apple foi divulgado durante a Conferência Anual de Desenvolvedores (WWDC), realizada da segunda-feira, 10 de junho. A cereja do bolo foi uma parceria com a OpenAI para incorporar a tecnologia do ChatGPT no sistema operacional do iPhone.

Até então, a companhia vinha sendo questionada por investidores por estar atrasada nessa frente, especialmente na comparação com outras big techs. A queda de receita registrada em cinco dos últimos seis trimestres só reforçava os holofotes sobre a Apple.

Os anúncios mudaram, porém, o humor de Wall Street. Desde então, levando-se em conta o pregão de ontem, os papéis da Apple acumularam uma valorização de 10,9% e fizeram com que a empresa desbancasse a Microsoft, assumindo o posto de companhia listada mais valiosa do mundo.

No início das negociações desta sexta-feira, 14 de junho, as ações registram, no entanto, uma ligeira queda de 0,27%, cotadas a US$ 213,66. No ano, os papéis têm uma valorização próxima de 11%. A Apple está avaliada em US$ 3,27 trilhões.