Quando anunciou a distribuição de R$ 70 milhões em dividendos em abril, o Inter indicou ao mercado que tinha entrado em uma trajetória de crescimento crescente e sustentável.
Os números do primeiro trimestre de 2024 indicam que, de fato, isso está acontecendo. O lucro líquido atingiu R$ 195 milhões, o maior da história do Inter até agora.
Para se ter uma ideia do que significa, ele representa 55% de todo o lucro de 2023 completo (R$ 352 milhões) e é mais de 700% superior ao resultado positivo do primeiro trimestre de 2023.
“Historicamente, o primeiro trimestre do ano é de apreensão, pois tem menos atividade e mais inadimplência”, diz Alexandre Riccio, vice-presidente sênior do Inter, ao NeoFeed. “Mas tivemos um trimestre superbom”.
Outros números mostram também que o Inter teve um bom trimestre. O ROE (retorno sobre patrimônio) foi de 9,7%, uma melhoria de 1,15 ponto percentual – o quinto trimestre consecutivo de crescimento. E o índice de eficiência chegou a 47,7% - no trimestre anterior era de 51,4% (neste caso, quanto menor, melhor).
Esse foi também o primeiro trimestre em que as transações de cartão de crédito superaram as de débito. No total, as transações com cartões somaram R$ 23 bilhões. O crédito representou 51% desse total.
“Lançamos o programa de fidelidade Loop e melhoramos o programa de cashback. E ele está trazendo um engajamento maior”, afirma Riccio, ao justificar esse resultado do cartão de crédito.
De acordo com Riccio, o Inter focou em expandir a margem em 2023. Agora, o objetivo é ter crescimento com rentabilidade. Dois indicadores são importantes para saber se é possível ter crescimento e rentabilidade. O primeiro deles é o número de clientes.
No primeiro trimestre, o Inter chegou a 31,7 milhões de clientes, com taxa de ativação de 55%, o que representa 17,4 milhões de clientes ativos. O número de contas globais, por sua vez, chegou a 3 milhões.
O segundo indicador é a margem financeira bruta, que foi de 9,2% nos três primeiros meses de 2024, uma melhora de 0,5 ponto percentual. A margem financeira depois do PDD (Pagamento para Devedores Duvidosos) chegou a 5,3% - um ano antes, era 4,4%.
Apesar disso, a taxa de inadimplência para 90 dias teve um pequeno crescimento no período. Ela chegou a 4,8%. No primeiro trimestre de 2023, era de 4,4%.
“Ela está em um patamar comportado e adequado. Conseguimos mais do que compensar com a expansão de margem que estamos conseguindo criar”, afirma Riccio.
Uma das áreas que o Inter deve focar é a de empréstimo, cuja carteira de R$ 32 bilhões cresceu 3%. Quase a totalidade são de produtos colateralizados, como antecipação do saque aniversário do FGTS (foram mais de 500 mil contratos por mês) ou home equity.
Mas o Inter está começando a explorar a área de produtos não colateralizados, uma carteira pequena de apenas R$ 170 milhões, mas que deve ganhar cada vez mais espaço.
Foram lançados, no ano passado, cinco produtos nessa área, como cheque especial e crediário digital, além de produtos vinculados ao cartão de crédito (financiamento Pix, pagamento de boleto e saque no crédito).
“Temos visto um crescimento bom. São produtos que podem ser um pouco mais nervosos e estamos animados com os próximos trimestres”, diz Riccio.
O Inter está avaliado em US$ 2,4 bilhões. Neste ano, os papéis, cotado na Nasdaq, avançam 1,5%. Em 12 meses, o salto é de 190%.