Alvo de questionamentos crescentes de investidores e consumidores sobre sua atuação na Tesla, em função da sua dedicação e envolvimento com o governo de Donald Trump, Elon Musk teve o seu “Dia do Fico” nesta terça-feira, 20 de maio.

Dono de uma fortuna estimada em US$ 376 bilhões, o bilionário assegurou durante uma videoconferência no Fórum Econômico do Catar, que está sendo realizado nesta semana em Doha, que está comprometido em seguir como CEO da montadora pelos próximos cinco anos.

“Sim, não há nenhuma dúvida sobre isso”, respondeu Musk, quando questionado pelo moderador da transmissão, segundo informações da agência Associated Press (AP). O CEO da Tesla ainda acrescentou, com bom humor: “Só não posso ficar aqui se estiver morto.”

Na sequência, Musk também comentou sobre a pressão que vem enfrentando desde que se envolveu na campanha presidencial e, posteriormente, como consultor no segundo mandato de Trump na Casa Branca. O que trouxe, entre outros reflexos, ataques a concessionárias e veículos da montadora.

“Fiz o que precisava ser feito”, disse. “Não sou alguém que tenha cometido violência e, ainda assim, uma violência em massa foi cometida contra minhas empresas e houve uma ameaça de violência em massa contra mim.”

Em contrapartida, ele afirmou que pretende gastar menos com campanhas políticas. “Vou fazer muito menos no futuro”, observou Musk, que desembolsou ao menos US$ 250 milhões na campanha de Trump. Questionado sobre o motivo, ele respondeu: “Acho que já fiz o suficiente.”

Em outro trecho, quando foi perguntado sobre a queda de 13% nas vendas da Tesla no primeiro trimestre e também no acumulado do ano, na Europa, Musk disse que o negócio já se recuperou, ressaltando que a Europa é o mercado mais fraco da empresa, que, por sua vez, está forte em todos os outros lugares.

“Uma ação não estaria sendo negociada perto das máximas históricas se as coisas não estivessem em boa forma. Elas estão bem, não se preocupe com isso”, disse. As ações da Tesla registravam alta de 1,97% por volta das 11h50 na Nasdaq.

Cotados a US$ 348,83, os papéis acumulavam, porém, uma desvalorização de 13,6% em 2025, dando à companhia um valor de mercado de US$ 1,12 trilhão. E estavam cerca de 30% abaixo de sua máxima história, segundo dados do portal Yahoo Finance.

Outro tema abordado foi a remuneração de Musk. Na semana passada, o jornal britânico Financial Times revelou que o conselho de administração da Tesla havia formado um comitê especial para explorar um novo pacote salarial para o empresário, com opções de ações.

O comitê também estaria buscando formas alternativas de compensar Musk caso a Tesla não consiga restabelecer seu pacote salarial anterior, de 2018, que está em processo de apelação na Suprema Corte de Delaware.

“Não é uma questão de dinheiro. É uma questão de controle razoável sobre o futuro da companhia”, afirmou Musk. Ele também ressaltou que o desejo de ter o controle de votos suficientes para que “não pudesse ser destituído por investidores ativistas.”

Segundo uma reportagem do The Wall Street Journal, publicada no início deste mês, o board da Tesla já cogitava uma substituição no cargo de CEO da companhia, já que, na visão dos conselheiros, Musk tem passado grande parte do seu tempo em Washington, deixando de lado suas funções na empresa.

Já no início do ano, nos dias que antecederam a divulgação do seu balanço do quarto trimestre e do ano de 2024, a Tesla recebeu uma série de questionamentos sobre como o envolvimento de Musk com a política e a Casa Branca poderia prejudicar a companhia.

“Como a empresa lida com as relações com o consumidor quando seu CEO é um canhão solto?”, destacou um deles. “Como a Tesla pode me fazer sentir que meu investimento vale a pena quando seu CEO está fazendo aquela saudação com a bandeira dos Estados Unidos atrás dele?.”

A pergunta em questão foi endossada por 104 investidores da Tesla. E fez uma referência direta ao gesto feito por Musk durante a posse de Donald Trump, que foi interpretado por muitos, na oportunidade, como uma saudação nazista.