One Big Beautiful Bill (um grande e belo projeto). Essa foi a expressão usada por Donald Trump para se referir ao seu pacotão fiscal e o “apelido” dado pelos republicanos - em sua homenagem - para o projeto que condensa essas propostas e está em trâmite para aprovação no congresso americano.
Entretanto, muito além da “beleza”, há quem veja um outro aspecto – nada atrativo – nas mais de mil páginas do projeto. Esse é o caso do Congressional Budget Office (CBO), o escritório de orçamento do congresso dos Estados Unidos.
Em sua mais recente avaliação sobre a iniciativa, divulgada na quarta-feira, 4 de junho, o CBO estima que o projeto de lei de impostos e gastos encampado por Trump ampliaria o déficit do orçamento americano em US$ 2,42 trilhões na próxima década.
Segundo o estudo, essa equação leva em conta a projeção de uma queda de US$ 1,25 trilhão nos gastos no decorrer dos próximos 10 anos. Combinada, porém, com uma redução esperada de US$ 3,67 trilhões no volume de arrecadação.
Entre outras questões, o projeto tornaria permanentes alguns dos cortes de impostos propostos por Trump e adotados, com um caráter provisório, em seu primeiro mandato. E, ao mesmo tempo, incluiria novas linhas e outras promessas de campanha.
Esses pontos passam por exemplo, pela eliminação de impostos sobre pagamentos de horas extras, até 2028, e cortes em áreas como créditos para energia limpa. Assim como a o estabelecimento de novos parâmetros para a inclusão em programas como o Medicaid.
Nessa direção, o CBO projeta que o número de pessoas sem cobertura de saúde no país aumentaria em 10,9 milhões na próxima década caso o projeto de lei seja aprovado. Isso inclui 1,4 milhão de pessoas que vivem em situação ilegal e estão cadastradas em programas financiados pelo Estado.
Os novos números divulgados pela CBO - que tem sido contestado em uma campanha conduzida por líderes republicanos - prometem aquecer ainda mais as já acaloradas discussões em torno do projeto de lei, o que pode ser ilustrado pelo seu caminho difícil, até aqui, no congresso americano.
Há duas semanas, o projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. O sinal verde, porém, veio com uma margem bastante apertada, de apenas um voto de diferença.
Nesse trâmite, o próximo passo é obter o sinal verde no Senado, onde diversos representantes já manifestaram oposição ao projeto, inclusive, uma ala dos republicanos. As eventuais barreiras também incluem as demandas por uma série de mudanças no texto por parte dos congressistas.
Ao reunir boa parte da agenda econômica do segundo mandato de Trump, o projeto é fundamental para o mandatário americano, que tem pressionado o poder legislativo para que o projeto final esteja em sua mesa, para sua sanção, até o próximo dia 4 de julho.