Depois de salvar o mundo diversas vezes como o Homem de Ferro, personagem da Marvel nas telas de cinema, o ator Robert Downey Jr. quer ser herói também na vida real.
O astro hollywoodiano anunciou, ao lado de parceiros, o lançamento da FootPrint Coalition Ventures, uma gestora que vai administrar dois fundos de investimento focados em empresas de sustentabilidade.
A novidade foi compartilhada na versão online do Fórum Econômico Mundial de Davos e oferece aos interessados a oportunidade de investir em startups ainda nos estágios iniciais ou em companhias já mais amadurecidas.
Em entrevista ao portal Axios, Downey Jr. reconheceu que poderia fazer os aportes apenas com o seu dinheiro, mas que isso não seria uma coalizão.
"Depois de anos trabalhando no universo da Marvel entendi que, melhor do que ter retorno e fazer a diferença com o seu próprio trabalho, é proporcionar que mais gente faça o mesmo", disse Downey Jr. "Acredito que dar às pessoas um caminho para esse tipo de investimento é a melhor forma de quebrar barreiras e construir pontes."
A FootPrint Coalition Ventures está estruturando dois fundos na plataforma AngelList, ambos acessíveis para até 2 mil investidores "qualificados e verificados", que participam da proposta mediante em um modelo de "inscrição".
Isso significa que cada interessado deve fazer uma contribuição mínima de US$ 5 mil por trimestre, o que garante ao primeiro fundo da FootPrint Coalition Ventures a possibilidade de levantar mais de US$ 80 milhões por ano. Todo o montante será aportado em companhias que podem, de fato, fazer a diferença na questão climática e na redução de emissão de carbono.
O fundo destinado a seed money ou séries A se compromete a injetar pelo menos US$ 50 mil. As companhias mais avançadas, por sua vez, podem receber um cheque superior a US$ 250 mil.
De acordo com Jonathan Schulhof, ex-sócio-gerente do GTI Capital Group e atual líder da FootPrint Coalition Ventures, a empresa identificou seis áreas de investimento: produtos e serviços voltados para a sustentabilidade; tecnologia de alimentos e agricultura; materiais e tecnologia industrial; energia e transporte; educação e mídia; e soluções ambientais avançadas.
O novo fundo de Downey Jr. já apostou em algumas empresas relevantes, como a Aspiration, fintech queridinha dos millennials americanos, famosa por sua responsabilidade social e ambiental.
Outras iniciativas financiadas pelo fundo são a Ÿnsect, uma "fazenda de insetos" francesa, e a Cloud Paper, uma companhia de bambu ecologicamente correta.
A FootPrint Coalition Ventures também investiu na Arcadia, uma companhia de realidade virtual focada em meio ambiente, e na RWDC Industries, que está desenvolvendo alternativas biodegradáveis ao plástico.
Mais do que apenas injetar capital, a FootPrint Coalition Ventures quer participar ativamente das startups que apoia, oferecendo inteligência e networking. "Se identificarmos que é preciso, por exemplo, ajudar uma startup a encontrar um executivo para uma posição-chave, queremos auxiliar no processo", diz Downey Jr.
Outras celebridades, além de Downey Jr., querem também protagonizar essa "virada sustentável". O ator Leonardo DiCaprio, por exemplo, que tem apoiado causas ambientais, tem direcionado seu portfólio a investir em empresas ecologicamente éticas. O vencedor do Oscar é, inclusive, membro do conselho da Aspiration.
O ator Ashton Kutcher, uma das estrelas que mais brilham em Hollywood e Wall Street, também tem feito seu papel. À frente dos fundos A-Grade Investments e Sound Ventures, Kutcher já destinou mais de US$ 3 bilhões em 177 rodadas, que incluíram aportes em empresas como Uber, Airbnb, Spotify e Robinhood.
Agora, mais do que retorno financeiro, o ator busca transformação. E, por isso, vai destinar parte de sua fortuna a apoiar projetos e empresas que promovam a inclusão financeira, acesso à educação, direitos humanos e saúde.
A entrada de grandes celebridades a essa seara ética de investimentos chega em um momento oportuno. Segundo Larry Fink, CEO da todo-poderosa BlackRock, de janeiro a novembro de 2020, investidores em fundos mútuos alocaram US$ 288 bilhões em ativos "sustentáveis" em todo o mundo, o que representaria um aumento de 96 % em comparação a 2019.
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