Os R$ 5,4 bilhões levantados pela BRF, na terça-feira, 1º de fevereiro, em operação de follow on voltada apenas aos grandes investidores, não mudaram muito a situação de curto prazo da empresa. Ao menos, é essa a visão dos analistas do Goldman Sachs.
Em relatório publicado hoje, o banco descreve a operação, relativiza os efeitos na redução de endividamento da empresa – a relação dívida/ebitda que era de 3,6 vezes no terceiro trimestre de 2021 passa a 2,07 vezes - e mantém a orientação de uma certa cautela para movimentos bruscos ou apressados de Capex.
“Em nossa visão, esse nível (de desalavancagem) não abre muito espaço para grandes investimentos de curto prazo”, escreveram os analistas Thiago Bortoluci e Galdino Falcão.
A BRF tem a ambição de alcançar uma receita líquida de R$ 100 bilhões até o final de 2030 – hoje fatura R$ 35 bilhões. Para chegar lá, planeja investir R$ 55 bilhões nos próximos dez anos.
O Goldman Sachs também prevê resultados mais “amenos” para o quarto trimestre de 2021, com a empresa pressionada por um aumento dos preços de commodities chaves para sua produção (milho subiu 4,6% em dezembro e a soja, 2,7%) e os preços depreciados na China (o preço dos porcos no mercado doméstico permanece bem baixo em função de surtos de peste suína africana).
Soma-se a isso, condições macroeconômicas fracas no Brasil (a Nielsen vem reportando crescimento negativo em comida processada) e a agressiva competição da JBS Seara. Por fim, o banco apenas anota que não houve qualquer mudança na estrutura societária pós-oferta subsequente de ações.
Um movimento da Marfrig, dona de 31% da BRF, em direção a uma eventual fusão – vista como positiva pelo mercado – não ocorreu. A Marfrig participou da operação, mas só manteve posições.
A BRF vale R$ 16,1 bilhões na B3. Neste ano, os seus papéis caem 11,7%.