Mais uma companhia estatal de energia deve deixar as mãos do setor público. Depois da privatização da Eletrobras, em junho deste ano, a paranaense Copel caminha para também se transformar em uma corporação, com capital pulverizado e sem acionista controlador.
A companhia informou ao mercado nesta segunda-feira, dia 21 de novembro, que o governo do Paraná tem a intenção de reduzir a sua participação no capital social através de uma oferta secundária de ações ordinárias e de units.
A notícia está animando os investidores. Por volta das 12h45, as ações ordinárias da Copel subiam 18,47%, a R$ 7,89. No ano, elas acumulam alta de 41,1%, levando o valor de mercado da empresa para R$ 22,6 bilhões.
Pelo modelo de governança sendo avaliado para a operação, o Estado do Paraná permanecerá com uma participação de até 15% do capital social total da Copel e até 10% das ações ordinárias.
Atualmente, o governo detém 31,07% do capital total da empresa, tendo em mãos 69,6% das ações ordinárias. O segundo maior acionista da Copel é o braço de participações do BNDES, o BNDESPar, que tem 23,9% do capital total e 12,4% das ações ordinárias.
Um ponto que o governo do Paraná pretende impor é a criação de uma ação preferencial de classe especial, a conhecida golden share. A ideia é que, com ela, o Estado paranaense tenha poder de veto em temas como autorização para os administradores aprovarem e executarem o plano de investimentos da Copel Distribuição.
A proposta do governo do Paraná prevê ainda que nenhum acionista ou grupo de acionistas poderá exercer votos em número superior a 10% da quantidade total de votos conferidos pelas ações ordinárias. Ela também veda a realização de acordos de acionistas para o exercício de direito de voto, exceto para a formação de blocos com número de votos abaixo de 10% das ações ordinárias.
Segundo a companhia, a operação está sujeita à autorização da Assembleia Legislativa do Estado e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), sem divulgar um cronograma para a apresentação do Projeto de Lei necessário.
“A operação objetiva a captação de recursos financeiros para suprir necessidades de investimento do Estado do Paraná, bem como a valorização de suas ações remanescentes detidas na Copel, valorização essa que deverá derivar da potencial geração de valor aos acionistas, inclusive em virtude de eventual capitalização da companhia e aceleração de seu plano de negócios”, diz trecho do ofício enviado pelo governo do Paraná para a Copel.
A pulverização do capital social via follow on foi utilizada na privatização da Eletrobras, operação que diluiu a participação do governo federal e resultou na arrecadação de R$ 33,7 bilhões, considerando todos os lotes de ações oferecidos.
No caso da proposta para a Copel, o governo estadual terá uma participação menor do que a União detém na Eletrobras, de 33%.
O governo do Paraná já vinha sinalizando ao mercado a intenção de deixar de controlar a Copel. No fim de outubro, a empresa informou ter recebido da administração estadual um ofício a respeito do início de estudos para uma “potencial operação no mercado de capitais''.
No terceiro trimestre, a Copel registrou um lucro líquido de R$ 378,4 milhões, queda de 86,7% em relação ao mesmo período de 2021. A receita operacional líquida recuou 21,8%, na mesma base de comparação, para R$ 5,4 bilhões, e o Ebitda caiu 59,7%, para R$ 1,1 bilhão.